- Você vai para casa, meu amor. - Ele depositou um selinho em seus lábios. - Bom dia! - Sorriu.
- Bom dia! Nossa... Depois de um ano... - Ela engoliu em seco. - Não sei como devo agir. Não consigo lembrar de muitas coisas.
- Amy, tivemos a comprovação de que sua perda de memória é temporária. Aos poucos tudo voltará para o seu devido lugar.
- Eu sei.
- Você não precisa ficar com medo, estou aqui com você. Não pretendo sair do seu lado. - Logan envolveu o corpo da garota com seus braços. - Você fará um acompanhamento psicológico, continuará fazendo seus exercícios com a fisioterapeuta e semanalmente fará uma avaliação geral comigo.
- Tudo bem. - Ela sorriu sem graça.
***
O Logan me explicou detalhadamente os medicamentos que eu deveria tomar e os possíveis efeitos colaterais. Recebi da fisioterapeuta alguns exercícios que me ajudariam a melhorar as dores que estava sentindo e também recebi orientações psicológicas sobre o quanto seria difícil retomar a minha vida, mas isso seria possível.
Logan me ajudou a arrumar alguns pertences que minha mãe havia levado para mim e a esperou ao meu lado.
- Sente medo? - Ele acariciava o meu cabelo.
- Eu não sei o que me espera e nem quem me espera. É como se eu estivesse começando a viver agora.
- Você não passará por nada só. - Ele acariciou o meu rosto. - Estive com você esse tempo todo. Nada mudará. Amo você, Amy.
- Obrigada. - Ela me abraçou com força. - Não quero ficar sem você.
Minha mãe estava muito animada. Me esmagou em abraços diversas vezes e me levou embora.
Eu estava encolhida no banco do carro como uma garotinha assustada. Ela me contava muitas histórias. Eu não conseguia prestar atenção em nenhuma.
- Algum problema, filha? - Ela percebeu.
- Só estou um pouco pensativa.
***
Ao final do plantão, fui para casa. Meus pais ainda estavam lá. Subi para o meu quarto, abri uma mala grande e comecei a colocar as coisas da Maisie. Sai pela casa procurando tudo que lembrasse ela. Não a queria mais em minha vida.
Não estava descartando-a. Na verdade, não poderia viver ao lado dela e amar um outro alguém. Amy acordou e trouxe consigo a minha libertação.
- Vai viajar, Log? - Meu pai indagou.
- São as coisas da Maisie.
- Logan, você vai expulsar a garota de casa? Eu não te ensinei a agir assim.
- Mãe, você me ensinou a agir bem pior. - Revirei os olhos. - Maisie não é nenhuma desabrigada, ela tem a casa dos pais dela. Não tem cabimento algum ela continuar morando comigo. Tudo acabou.
- O amor nunca acaba, meu filho.
- Concordo. Acontece que eu não a amo.
***
Meu quarto. Senti um aperto no coração e instantaneamente senti algumas lágrimas caírem em meu rosto.
- Filha, o que houve? - Mamãe indagou preocupada.
- Eu não sei. Tenho uma sensação de que alguma coisa ruim aconteceu aqui.
- Amy, esse é o seu quarto. Nada de ruim aconteceu aqui. Acalme-se. Vou te trazer um chá.
Deitei em minha cama e encarei o teto por longos minutos. Acabei dormindo.
Abri os olhos com dificuldade. Olhei para o relógio e já eram seis da tarde. Levantei, caminhei para o banheiro, tomei um banho quente e demorado.
- Amy, convidei o Logan e o Dylan para um jantar.
- Os dois... Juntos? - Mordi o lábio inferior.
- Eu sei que não é uma boa idéia, mas é o seu médico e o seu namorado. - Ela deu de ombros.
- Tudo bem. Vou me trocar.
Ela fechou a porta atrás de si e me deixou só.
Abri meu armário, escolhi um vestido soltinho e confortável. Arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo, me perfumei e desci para a cozinha.
- A namorada mais linda do mundo. - Dylan sorriu ao me ver.
- Oi... - Depositei um beijo tímido em sua bochecha e observei Logan entrar.
- O que ele faz aqui? - Dylan se irritou.
- Ele cuidou da Amy e tem toda a nossa consideração e apreço. - Minha mãe sorriu e abraçou o convidado.
- Fica tranquilo, cara... - Logan revirou os olhos. - Também não gostei de te ver.
- Chega. - Suspirei. - Vocês não são crianças.
- Desculpe, Amy. - Logan sorriu para mim, abraçou-me pela cintura e depositou um beijo em minha testa.
- Fica longe dela! - Dylan o empurrou.
- Ideia brilhante, mãe. - balancei a cabeça negativamente e sorri.
Logan em um sofá conversando com meu padrasto e Dylan no outro, mexendo no celular.
Eu estava na cozinha junto com minha mãe e minha irmã.
Senti-me terrivelmente dividida na presença dos dois. Dylan fora meu primeiro e único namorado, ele certamente significou tudo para mim, mas a vida tratou de fazer aquilo comigo, de me mudar, de me transformar.
- Amy? - Logan me chamou.
- Oi. - Puxei-o para a área de trás da casa.
- O que somos?
- Como assim?
- O que somos um para o outro? Quero dizer, ele é seu namorado. - Ele bufou. - Não vou te dividir, isso é ridículo.
- Eu sei. Vou aproveitar a ocasião para conversar com o Dylan.
- Você tem certeza que é o que você quer? Não posso te obrigar a ficar com... - O interrompi com um selinho demorado.
- Eu quero ficar com você, Log. - Sorri e o abracei. - Gosto de você.
Eu não o conhecia, não sabia nada sobre ele, mas Logan conviveu comigo todos os dias durante um ano inteiro. Dedicou-se a mim de uma maneira que nenhum outro faria. Não era simplesmente gratidão o que eu sentia...
Durante o jantar, todos conversavam animadamente. Logan e Dylan trocavam olhares furiosos. Eu estava caladinha. Estava com medo de ferir os sentimentos do Dylan e até mesmo da maneira que ele iria reagir.
- Eu quero falar uma coisa. - Dylan levantou e todos voltaram os olhos para ele. - Amy, você aceita se casar comigo? - Ele se ajoelhou ao meu lado e abriu uma caixinha mostrando um lindo anel.
Direto.
Não. Aquilo não estava acontecendo. Pisquei algumas vezes e aquela imagem não saia da minha vista. Dylan estava com um sorriso largo, minha mãe, irmã e padrasto estavam surpresos e o Logan, bom... Ele estava me encarando.
Por que ele estava fazendo aquilo, justo naquele momento? Ele realmente me amava? Ele estava querendo competir com o Log? Um dia eu o amei?
- Amy? - Ele falou baixinho constrangido.
- Dylan, me desculpa. - Fechei os olhos com força. - Eu não posso iludir você. Não sinto nada. - Torci o lábio. - Talvez no passado eu tenha sido loucamente apaixonada por você, mas isso mudou.
- Amy, não tome uma decisão precipitada. - Ele me olhou incrédulo.
- Eu não sei o que estou fazendo, mas se estiver errada, prefiro errar não fazendo do que o contrário. Me desculpe.
- ISSO É TUDO CULPA DESSE IDIOTA! - Dylan apertou a garganta de Logan, que com apenas um movimento, o empurrou contra a parede.
- Fica na sua. - Logan afastou-se dele.
- Esse cara confundiu sua cabeça, Amy.
- Dylan, vá embora. - Apontei para a porta.
- Eu não estou desistindo.
Dylan caminhou para a porta e bateu a mesma com força. Corri para os braços de Logan e comecei a chorar. O jantar havia acabado.
Minha família conversava na cozinha enquanto eu estava deitada no colo de Logan.
- Olha, você tem trago muita emoção para a minha vida. - Ele gargalhou.
- Bobo. - Sorri.
- Obrigada por me deixar fazer parte da sua vida... - Ele acariciou o meu rosto.
Uni meus lábios aos seus em um beijo profundo. Cada movimento de nossos lábios se encaixavam com uma perfeição inimaginável.
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