Elliott disse que conhecia um restaurante legal e que não era tão longe, então fomos andando. Não pronunciei palavra alguma durante o percurso. Ele por sua vez, apenas me olhava.
Procuramos uma mesa mais reservada, já que o restaurante estava repleto de alunos e de professores. Fizemos nossos pedidos e só então nos encaramos diretamente.
- Por que você me olha tanto? - Entrelacei minhas mãos e apoie meu queixo.
- Isso te incomoda? - Ele abriu um sorriso.
- Claro que sim. Você tirou minha concentração durante a aula. - Revirei os olhos.
- Você é muito bonita.
Gelei.
- Obrigada. - Corei. - Também notei a beleza de outras aulas da turma, isso não é desculpa. - O desafiei.
- Não estou arrumando uma desculpa, Srta. Watson. Acho você uma mulher muita bonita e por isso não consigo tirar meus olhos de você.
- Vale ressaltar que sou sua aluna, então você deveria controlar melhor os seus olhos. - Pisquei para ele.
- Eu só serei seu professor por um semestre, não teríamos problemas.
O quê? Era uma proposta, um pedido, uma insinuação ou coisa do tipo?
- O que você quis dizer com isso?
- Você não é daqui. - Ele deu de ombros e mudou de assunto. - Um lindo sotaque inglês. - Sorriu de lado. - Adoro inglesas.
Meu coração batia descompassadamente. Elliott não possuía freios naquela língua. Senti meu rosto corar por inteiro. O garçom chegou com os nossos pedidos, quebrando o clima que se instalou.
- Então, de que lugar exatamente você é?
- Inglaterra. - Dei de ombros mexendo na comida. - Londres.
- Adoro Londres. Foi uma pena nunca ter esbarrado em você por lá. - Ele piscou e começou a comer.
Ele tinha o poder de me deixar completamente envergonhada.
- Mesmo se isso tivesse acontecido, eu não lembraria de você. - Falei lembrando do acidente e da minha memória que se foi com ele.
- Eu sou uma pessoa marcante, difícil de ser esquecida.
- Você quer me conhecer, Elliott? - Ele assentiu. - Eu também gostaria disso.
- Como? - Ele me olhou confuso.
Não sei se era o momento certo para lhe contar sobre o meu acidente, mas eu me sentia sufocada, precisava desabafar sobre a frustração que minha vida se tornara. Contei-lhe tudo. Até mesmo sobre o Logan e o que me trouxe até aquele lugar.
- Uau. - Ele arqueou as sobrancelhas. - Poderia escrever um livro sobre você. - Ironizou.
- Agora que você já me conhece, eu vou embora. - Levantei-me da cadeira mas fui impedida por Elliott, que segurou o meu braço.
- Amy, eu não quero conhecer apenas a sua história, quero conhecer você por inteiro. - Ele acariciou o meu rosto.
- Você é louco, Elliott! - Soltei-me dos seus braços. - Em primeiro lugar, é antiético você querer se envolver com uma aluna. Em segundo lugar, eu amo o Logan, acabei de te falar isso.
Joguei na mesa o pagamento pelo meu almoço e sai apressada. Ouvi-o exclamar: "Eu não desistirei, Srta. Watson!".
Elliott não passava de um louco.
***
As aulas da tarde seguiram calmamente. Eu nem conseguia lembrar do quanto gostava daquele curso. Me sentia maravilhosa.
O Campus ficava perto do meu apartamento, então segui a pé para lá, uma ótima escolha do papai.
Ao chegar, tomei um banho frio e lavei meus cabelos. Vesti minha roupa de dormir e deixei minhas madeixas secarem naturalmente.
Estava jogada no sofá comendo um sanduíche quando a campainha tocou. Bufei. Caminhei até a porta e quando olhei através de olho mágico, dei de cara com o Elliott parado em minha porta. Escorei-me ali e fiquei estática.
- Amy, por favor... - Ele pediu baixinho como se soubesse que eu estava ali.
- O que você quer aqui, Elliott? - Finalmente abri a porta. - Espera... Como você sabe que eu moro aqui? Você não me seguiu, não é? - Comecei a ficar nervosa. - Como você conseguiu entrar aqui?
- Calma, Amy. - Ele tocou o meu ombro tentando me acalmar. - Me deixe entrar.
- E se você for um serial killer pronto para me matar?
- Eu não sou. - Ele revirou os olhos e entrou no apartamento.
Elliott deu uma olhada no lugar, sorriu e se jogou no sofá.
- Você é um folgado. - Fechei a porta e sentei de frente para ele. - Comece explicando como descobriu que eu moro aqui.
Sim, eu estava com medo. As coisas estavam acontecendo rápido demais, e ele parecia um louco obsessivo. Elliott nem me conhecia, e eu certamente fui uma idiota por ter almoçado com ele e lhe ter contado coisas sobre a minha vida.
- Digamos que alguém da universidade me devia um favor, e eu resolvi cobrar.
- Descobrindo o meu endereço... - Balancei a cabeça em negação incrédula. - Eu deveria processar a universidade.
- Você não é tão má assim, Amy. - Ele sorriu confiante.
- E como você entrou aqui? Não vai me dizer que o porteiro também te deve favores. - Revirei os olhos.
- Na verdade, deve sim. - Ele gargalhou. - Eu também moro aqui, Amy. No sexto andar. Somos vizinhos. - Ele piscou.
- Você está de brincadeira. - Sorri incrédula. - Já que você já se explicou, pode ir embora. - Apontei para a porta.
- Amy, eu sei que o motivo que te trouxe aqui é o seu ex e também sei que você não voltará para ele, então o que te impede de querer esquece-lo?
- As coisas não são simples assim. Eu não sou apaixonada pelo Logan, eu o amo.
- Você voltará para ele?
- Não.
- Então me deixe ficar com você. Você também poderá me amar. - Ele sentou ao meu lado do sofá e acariciou o meu rosto, fazendo com que cada pelo do meu corpo se arrepiasse e as batidas do meu coração acelerassem.
- Você não tem o juízo perfeito. - Revirei os olhos. - Você me conheceu hoje.
- Já foi o suficiente para saber que teria uma vida ao seu lado.
- COMO É QUE É? - Eu gritei e cai na gargalhada. Meu estômago já doía do tanto que eu ri e ele só me olhava incrédulo.
- Eu me declaro para você e você reage assim? Ah, Amy... - Ele falou magoado.
- Elliott, já pensou em investir na carreira de comedi...
Antes de terminar a frase, ele puxou-me para um beijo. Seus lábios quentes pressionados contra os meus de maneira a me deixar nervosa. Suas mãos apertavam a minha cintura e sua língua pedia passagem em nosso beijo. Relutei querendo sair de seus braços, mas Elliott envolveu-me em um abraço caloroso. Cedi passagem para a sua língua e entreguei-me aos seus beijos. Elliott deitou-me no sofá e desceu seus beijos pelo meu pescoço, mas logo voltou para a minha boca. Talvez ele soubesse que estávamos indo rápido demais.
Eu não sabia como agir depois do ocorrido. Elliott por sua vez, parecia bem a vontade. Não passamos dos beijos, mas e o Logan? Eu não conseguiria estar com alguém enquanto ele estava lá...
Talvez fosse tolice da minha parte. Provavelmente Logan estava saindo com outras mulheres e era um direito dele, não estávamos mais juntos.
Gostam do Elliott? Apoiam o casal? Deixem seus comentários.
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