quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Capítulo 11 (parte 1) - Querido professor

Algumas semanas se passaram desde que cheguei em San Diego. Eu estava morando em La Jolla, o que sempre me permitia caminhar na praia.

Desde que cheguei tentava a minha transferência da Universidade de Oxford, onde um dia cursei Literatura Inglesa por um ano (antes do acidente), para a Universidade da Califórnia, em San Diego mesmo. Vibrei quando recebi minha carta de admissão. Sempre tive notas incríveis e estava confiante que daria tudo certo.

Papai viajou algumas vezes, mas sempre que estava aqui, ficávamos um tempo juntos. Mesmo distante, sempre fui mais apegada à ele do que a Mag, minha irmã. A Trixie também estivera conosco. Ela demonstrava ser uma ótima companheira para o meu pai. Papai não se enganou quando escolheu o Phill para cuidar de mim, estávamos tão próximos. Ele era um comediante nato. Phill chamava atenção por onde íamos. Suas roupas eram chamativas ao extremo.

Todos os dias eu conversava com a mamãe. Ela ainda estava triste, mas parecia feliz por eu aparentemente estar seguindo com a minha vida. Sim, aparentemente, porque todo o meu ser implorava pelo Logan.

Eu não soube mais nada sobre ele. Logan não me procuraria, mas eu tinha certeza dos seus sentimentos por mim e para sempre os guardaria. Imaginava como estava sendo a sua vida agora. Eu já estava aqui há um mês. Será que a Maisie já estava morando com ele novamente? Será que sua barriga havia crescido um pouquinho mais? E o meu pequeno Fredie? Sentia falta do meu cachorrinho.

Quem sempre me mandava mensagens era o Dylan. Nunca às respondi. Ele me pedia para voltar e lhe permitir ser feliz ao meu lado. Aquilo nunca aconteceria.

***

Fiquei perplexa ao pisar no campus da Universidade. Olhei para cima encarando a altura de todo aquele prédio com uma arquitetura incrível. Sorri.
Estava se iniciando um novo período na universidade e eu consegui entrar nele.
Estava muito perdida no meio da instituição. Eu era caloura e conhecia pouco da Califórnia e até mesmo da universidade. Precisei recorrer à ajuda de um funcionário que me orientou.

Inicialmente fomos recepcionados no auditório, onde assistimos algumas palestras, conhecemos o reitor e alguns professores.
Já na sala, sentei em uma fila encostada na parede, próximo à mesa que ficaria algum professor. Estava um pouco nervosa, afinal, passei um bom tempo sem frequentar um ambiente como aquele. Resolvi me esconder quietinha ali.
Talvez aquela não tenha sido uma boa ideia. Senti um par de olhos a me observar. Tentei ignorá-lo por alguns minutos, até que distraidamente eu levo meu lápis até a boca, mordendo-o e olho para frente.
Ele me olhava concentrado. Desviei meus olhos do seu e ele sorriu. Sim, meu professor estava me olhando. Não decorei o seu nome quando ele falou, também não ousei perguntar novamente. Ele nos entregou um texto para que lêssemos, mas ele não me deixava ter concentração.

- Algum problema? - Falei baixinho e o encarei.

- Nenhum e você?

Ele abriu um sorriso sapeca e continuou me olhando. Ninguém parecia reparar, todos estavam concentrados. Tentei seguir o exemplo deles e fazer o mesmo.

Ele era um homem realmente bonito. Um pouco alto, um pouco forte, barba rala, cabelos escuros e perfeitamente bagunçados, os braços completamente tatuados e um sorriso de quebrar corações. Não entendi o motivo que levou um homem tão bonito a me olhar, eu estava tão normal com o meu short jeans, uma camiseta lisa e os cabelos soltos. Nem maquiada eu estava. Por um momento lembrei de quando o Logan me dizia que até com o rosto marcado dos lençóis eu acordava linda. Sorri sozinha.

- Shakespeare te fez rir? - Ele indagou se referindo ao texto.

- Oh... - Torci os lábios e me dei conta de que meus pensamentos estavam em Logan. - Apenas lembrei de algo bom.

Dei de ombros e voltei a ler. Evitei encará-lo e permitir que ele voltasse a falar comigo.

Discutimos o texto e algumas ideias levantadas. Comentei poucas coisas, nunca fui de esbanjar conhecimento. As aulas da manhã correram bem, e o Elliott, ouvi o seu nome, encerrou a mesma na hora indicada para o término.

Caminhava lentamente pelos corredores explorando o local quando sinto uma mão tocar o meu ombro e me deparo com o seu corpo ao meu lado. Gelei.

- Srta. Watson. - Ele sorriu.

- Prof. Craig. - Forcei um sorriso.

- Eu gostaria de te chamar para almoçar comigo. - Bem direto.

Eu comecei a tossir sem querer. Ele me olhou preocupada e eu me envergonhei ainda mais.

- Como? Almoçar? - Ele assentiu. - Eu e você?

Comecei a rir em estado de nervosismo. Tinha que ser eu. Ele iria achar que eu sou uma louca.

- Então, você aceita? - Ele pôs as mãos no bolso da calça.

- Eu sou sua aluna. O que irão pensar?

- É um almoço, não um pedido de casamento. - Ele gargalhou baixinho. -  Por favor, aceite.

- Eu não sei... Nem te conheço. - Dei de ombros.

- É por isso que as pessoas saem, Srta. Watson, para se conhecerem.

- E por que eu deveria conhecê-lo?

- Você faz muitas perguntas. - Ele sorri. - Deveria perguntar assim na sala de aula.

Revirei meus olhos e deixei que ele vencesse, me acompanhando no almoço.

***

Um mês longe dela. Arfei. Chegar dos meus plantões e não encontrá-la deitada no sofá com o Fredie, ou quem sabe cozinhando o nosso jantar... As coisas não são as mesmas. Depois de um mês, ao chegar dos plantões, encontrava a Maisie tentando me reconquistar. Uma tortura diária.
Fomos à uma consulta com o obstetra. O bebê só tem dois meses, mas vem se formando corretamente. Tenho cuidado da gravidez da Maisie como posso, é o meu filho.
Acordei algumas vezes com ela desfilando no meu quarto só de Lingerie. Como homem, não deixei de desejá-la, afinal, eu estava sem a minha garota, mas esse desejo não foi o suficiente para me fazer esquecer que fora ela que me separou da Amy. A rejeitei.
Passei a beber com maior frequência, e nesses pubs, encontrei algumas garotas com as quais passei algumas noites, nenhum envolvimento emocional. Meu coração tinha dona.

Um momento doloroso para a nossa família, a mamãe estava com câncer já em estado de metástase. Só lhe restava alguns meses de vida.
Descobrimos semana passada quando ela passou muito mal. Ninguém imaginaria o estado em que minha mãe se encontrava. O câncer é uma doença por muitas vezes silenciosa.
Uma mulher tão vaidosa, não consegui imaginar a sua dor ao começar seu tratamento. Aquilo não curaria a minha mãe, até tiraria dela mais dias que ela poderia ter. O tratamento tenta vencer o câncer, por vezes, acaba vencendo você.  Queríamos que ela tivesse seus último momentos em conforto, mas ela decidiu que tentaria sobreviver até o seu último suspiro. Não nos opusemos, era a sua vida.

Todos os dias espero pelos comentários de vocês. Por favor, me deixem saber o que pensam dessa obra.

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