quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Capítulo 12 - Goobye

Os meses passaram dolorosamente arrastando-se. Não houve um dia em que eu não sentisse uma enorme vontade de voltar para os braços do Dr. Price e ficar alí para sempre. Alí, envolta em seus braços, aconchegada no seu peito, enquanto receberia o seu toque em meus cabelos e inalaria o seu perfume forte. Ele beijaria os meus lábios com desejo, pressionaria seu corpo contra o meu, me fazendo sentir cada músculo do seu corpo. Eu bagunçaria seus cabelos e riríamos juntos durante nosso beijo. Sempre fomos assim, oscilantes entre o mais quente desejo, e o mais puro amor. Oscilantes entre a profundidade e a delicadeza.

Senti lábios quentes beijarem o meu pescoço. Continuei ali na varanda do meu apê visualizando o sol se pondo. Elliott envolveu-me com seus braços e passou a olhar para o mesmo ponto que eu.
Não estávamos juntos, por mais que esse fosse o seu maior desejo. Elliott fora um professor incrível e uma companhia sem igual, mas eu não o amava. Ele sabia. Decidimos então que não manteríamos um relacionamento sério. Ou melhor, eu decidi isso. Elliott discordou de todas as formas possíveis, mas acabou cedendo.

Seis meses se passaram e eu imaginava se um dia amaria um outro alguém, se um dia seguiria com a minha vida e me permitiria ser feliz novamente. Elliott e eu desfrutávamos de um companheirismo sem igual, mas ele não era o Logan... Eu não desejava mais ninguém.

Como ele estaria? Será que estava feliz com o seu bebê que logo nasceria? Será que voltara com Maisie ou estava com outro alguém? Será que ele estava bem? Será que estava precisando do meu abraço para lhe confortar por algum motivo?

Continuei falando com a mamãe todos os dias. Nossa separação não fora fácil, estivemos juntas a vida toda, mas depois de tantos meses, ela parecia mais conformada.
Megan estava por lá sempre que podia, para que ela não se sentisse tão só enquanto o David estava no trabalho. Por falar nela, minha irmã estava grávida. Ainda era muito cedo para saber o sexo do bebê. Eu estava animada com a ideia de ser tia. A mamãe também estava contente, um netinho ou netinha traria alegria para aquela casa.

Papai e Trixie estavam noivos. O relacionamento dos dois não era uma coisa nova, já estavam juntos há 3 anos. Ela me parecia ser perfeita para ele.
O relacionamento entre eu e o meu pai estava melhor do que eu imaginei que pudesse ser. Não nos víamos todos os dias por conta do seu trabalho e da minha faculdade, mas quando tínhamos tempo, conversávamos por horas e nos divertíamos muito.
Phill e eu estávamos bem mais próximos. Ele sempre estava disponível para me ouvir e até para secar minhas lágrimas, o que ocorria com frequência. Eu tentava entender qual a função do Phill na empresa do meu pai, mas ele parecia ser pago para ser meu amigo. Mesmo diante disso, não notei falsidade alguma de sua parte. Phill era espontâneo em todos os aspectos. Um amigo incrível.

Durante esse tempo consegui resgatar algumas memórias do meu passado, algumas coisas estavam se encaixando. Ainda existia uma enorme angústia em meu peito por não conseguir lembrar do meu acidente. Todos estavam conformados que eu atravessei a rua sem olhar e toda aquela fatalidade aconteceu, mas eu não estava satisfeita com aquilo. Eu sabia que Dylan estava envolvido nessa história, mas nenhuma memória voltava. Nada acontecia. Minha vida era um quebra-cabeças e aquela última peça fora perdida.

***

Era uma quinta-feira de manhã. O sol brilhava forte e ventava um pouco. Eu, Elliott e Phill combinamos de passar um tempo na piscina do prédio para uma conversa qualquer. Vesti meu maiô, passei protetor solar em meu corpo, pus os óculos de sol no rosto, peguei uma toalha e segui para a área de lazer do prédio.
Elliott me recebeu com um selinho e Phill com um beijo na bochecha. Sentei-me na espreguiçadeira entre os dois e começamos a conversar.
Elliott e eu estávamos livres da universidade, o período havia acabado. Era o nosso momento para respirar. Ele manteve seus olhos longe de mim durante as aulas, mas era só sair delas que ele parecia me devorar com seus olhos famintos. Qualquer aluno mais atento repararia no nosso envolvimento. Perigosa atração!

- Esse sol me deixa mole. - Bocejei. - Vou subir.

Retornei para o meu apartamento. Ao passar pela escrivaninha ao lado da minha cama, esbarrei nela e derrubei um caixinha. Muitas fotos foram espalhadas pelo quarto, junto com elas, cada pedacinho do meu coração. Dentro daquela caixa estava a última carta que recebi do Logan, a coleira do Fredie e inúmeras fotos nossas que eu guardava de recordação. Há alguns meses eu não mexia alí. Sabia que todas aquelas lembranças me destruiria ainda mais. Sentei no chão e comecei a observar aquelas fotos. Fotos que ele havia tirado comigo ainda em coma. Fotos nossas em minha casa e na sua. Fotos com o Fredie. Fotos fazendo careta. Fotos espontâneas...
Senti uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha. Meu estômago ardia em desespero. Cada parte do meu ser pedia, implorava por ele. Até quando eu sofreria dessa forma? Mesmo ao lado do Elliott, Logan não saía dos meus pensamentos. Eu me sentia horrível por fazer aquilo com uma pessoa tão boa para mim. Elliott merecia alguém que se doasse totalmente para ele. Alguém que correspondesse seus sentimentos. Ele merecia alguém melhor que eu.

- Amy? - Ele adentrou o apartamento.

Eu não conseguia conter a minha dor e as lágrimas que rolavam em meu rosto. Eu estava sofrendo demais.

- Meu amor, o que houve? - Elliott envolveu-me com seus braços. - Eu estou aqui.

- Elliott, eu preciso que você me deixe. - Funguei.

- Claro que não. Estarei sempre ao seu lado. - Ele acariciou meu rosto e levantou meu queixo com delicadeza para que eu olhasse em seus olhos.

- Eu nunca serei o suficiente para você.

- Amy, eu sei dos seus sentimentos por esse cara. - Ele apontou para as fotos. - Mesmo assim eu decidi que te amaria sem pudor algum. Eu amo amar você.

- E será assim para sempre? Nós não temos um futuro, Elli. Eu sempre amarei o Logan e você sofrerá com isso. Nunca seremos felizes de verdade.

- Não fale assim... - Ele falou baixinho.

- Eu voltarei para Londres. - Respirei profundamente.

- O QUÊ? - Ele gritou assustado. - Então eu vou com você.

O quê? Não!

- Você tem um emprego aqui, esqueceu? Sua vida é aqui.

- Eu quero uma vida seu lado, Srta. Watson. Quero que um dia você seja a minha Sra. Craig. - Ele sorriu.

- Elliott, você só irá se magoar mais.

- EU. VOU. COM. VOCÊ. - Ele falou pausadamente em alto e bom som.

- Eu não te quero!

Eu precisava agir de maneira ríspida. Elliott não poderia se doar para mim sem a certeza de que eu valorizaria seus sacrifícios por mim. Ele estava determinado a largar sua vida toda para não desistir de nós, mas eu nem queria que aquele "nós" existisse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário