Seu corpo congelou.
- Dr. Price? - A pessoa do outro lado da linha esperava sua resposta.
- Estou a caminho.
Colocou o celular no bolso e caminhou rapidamente para fora do gramado.
As cadeiras estavam perfeitamente alinhadas em um gramado verdinho. Muitas flores decoravam o local. Ele ignorou.
Todos os convidados olhavam perplexos.
- LOGAN PRICE! - A noiva gritou do altar.
- EU PRECISO IR!
Logan correu para o seu carro com um sorriso no rosto. Esperou tanto tempo por esse dia, Amy o salvara de um terrível casamento.
Dirigia com pressa para o hospital. Precisava conter suas emoções para não bater com o carro que alugara, uma vez que o seu fora enfiado em um poste de luz.
- Grace, ela acordou.
***
Abri os olhos lentamente. Parecia ter acabado de nascer e respirar pela primeira vez. Não conseguia falar, não conseguia mexer meus dedos, mas estava ali. Alí... Alí aonde? Meus olhos passearam por aquele local. O que havia acontecido?
Nos minutos seguintes, muitos homens e mulheres de jalecos começaram a me fazer perguntas. Eu apenas observava o mexer de suas bocas. Estava tão atordoada.
Coletaram o meu sangue, auscultaram meu coração, verificaram minha pressão, me fizeram perguntas as quais eu não sabia responder, e nem conseguia.
- Dr., os batimentos e a pressão estão normais. - Ele assentiu sem retirar os olhos de mim. - Estamos esperando os resultados de alguns exames.
- Os movimentos? - Ele indagou finalmente olhando para o rapaz.
- Nenhum sinal de paraplegia ou tetraplegia, mas ela não consegue realizar grandes movimentos, talvez pelo tempo que esteja imóvel.
- Ela falou alguma coisa?
- Nada.
- Tudo bem. - Ele assentiu e caminhou até mim.
Abriu um sorriso largo e iluminado. Fitei seus olhos.
- Olá, Amy.
Aquela voz... Eu conhecia aquela voz.
Abri minha boca na tentativa de responder. Não consegui.
- Tudo bem. - Ele tocou em minhas mãos e eu movimentei meus dedos apertando sua mão. Ele sorriu. - Temos movimentos. - Ele comemorou com os outros médicos que estavam no quarto. - Permitam a entrada da mãe dela.
Mãe... Não lembrava do seu rosto, sequer do seu nome.
Observei a mulher meio grisalha entrar no quarto chorando e caminhar até mim. Ela me abraçou apertado. Me senti segura em seu abraço, embora não soubesse nada sobre ela. Gostaria de retribuir seu carinho.
- Que alegria. - Ela acariciou o meu rosto enquanto chorava.
O médico ainda estava ali. Anotava algumas coisas em uma prancheta enquanto analisava exames e discutia com seus colegas.
- Senti falta desses olhos brilhantes. - Minha mãe sorriu e sentou ao meu lado. - Você fez tanta falta, meu amor.
Com dificuldade, alcancei seu rosto e sorri de leve.
Eu não sabia a minha aparência, idade ou nome. Não conseguia lembrar de nada, mas sentia conhecer aquela mulher.
- Muito bom. - Dr. Price falou. Li seu nome no jaleco. Price...
- Logan, estou tão feliz. - Ela o abraçou.
Ele era lindo. Cabelos castanhos perfeitamente bagunçados, olhos azuis intensos.
***
Grace fora tomada por uma felicidade imensurável. Estava radiante por ter sua filha em seus braços novamente. Amy parecia ter saído da morte para a vida.
Não havia conversado muitas coisas com a garota, mas passou horas apenas observando, enquanto Amy passava por uma série de exames.
- Amanhã de manhã estarei aqui novamente. - Ela depositou um beijo na testa da filha.
- Tudo bem. - A menina falou baixinho, um som quase inaudível.
- Ela falou! - Grace comemorou e Amy sorriu de leve.
- Eu te amo, filha. - Ela abraçou a menina antes de deixar a sala. - Cuide dela, Logan. - Assenti sorridente.
Meus olhos se encontraram com os dela e nos olhamos intensamente por alguns segundos. Caminhei até ela e sentei em sua cama, ao seu lado.
- Eu ouvi você. - Ela falou baixinho. Não compreendi o que ela queria dizer e ela percebeu. - Ouvi tudo o que você me disse durante esse tempo.
Abri a boca na esperança de conseguir falar alguma coisa, apenas sorri.
- Conheci a sua voz. - Ela tentou sentar, mas ainda não tinha força para isso. Envolvi seu corpo com os meus braços, e sentei-a na cama. - Obrigada. - Assenti positivamente.
Ela fez uma careta.
- Você sente alguma dor? - Perguntei preocupado.
- Minhas costas doem, mas não muito. - Respondeu com voz fraca.
- Os remédios logo farão efeito. - Ela assentiu.
Nos olhamos por mais alguns segundos e eu sorri mais uma vez. Não conseguia acreditar que estava ouvindo sua voz.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Claro.
- Por que você está vestindo um terno por baixo desse jaleco?
Finalmente me dei conta de que eu havia ido embora do meu casamento. Imaginei a fúria de Maisie e até me surpreendi por ela não ter aparecido lá.
- Amy, eu amo você. - Falei instantaneamente.
Ela me olhou sem reação e piscou algumas vezes.
- Esperei ansiosamente pelo dia que você iria acordar e eu estaria aqui ao seu lado, mas isso demorou tanto que eu acabei desistindo dessa idéia e quase me casando.
- Quase?
- Você me salvou de uma casamento infeliz. - Acariciei sua mão com meu polegar. - Hoje foi o dia do meu casamento. Bem na hora da oficialização, você acordou. - Dei um sorriso tímido e aproximei meu rosto do dela.
- Por que você iria se casar se não a ama? - Ela fitou meus olhos.
- Por que a única mulher que eu já amei, se encontra na minha frente. - Acariciei o seu rosto. - Se não fosse para ficar ao seu lado, eu não me importaria de procurar um amor, apenas continuaria com quem já compartilhava da mesma infelicidade que eu.
Uni nossas testas e senti sua respiração quente. Não sabia se devia beija-la, mesmo assim fiz.
Uni nossos lábios em um beijo calmo. Amy abriu sua boca delicadamente permitindo o movimento sincronizado de nossas línguas. O beijo era calmo e profundo. Não gostaria de separar os seus lábios dos meus nunca mais.
- Você precisa descansar. - Levantei da cama. - Já está muito tarde. O dia foi cansativo para você.
- Não vá. - Ela segurou minha mão. - Não quero ficar só. - Ela me olhou triste.
- Tudo bem. - Me aconcheguei ao lado dela na cama.
Envolvi Amy com meus braços e observei o seu sorriso. Ela estava ainda mais linda agora.
- Você quer conversar?
- Eu não consigo lembrar de nada.
Olhei para ela assustado e confuso.
- Amy, do que você está falando?
- Eu não sei qual é o nome da minha mãe, não lembro de momento algum ao seu lado, não sei a minha idade e nem como acabei parando aqui.
- Você... Não acredito. - Passei as mãos em meus cabelos. - Perda de memória. Era de se esperar. - Suspirei. - Você pareceu tão carinhosa com sua mãe que imaginei que estivesse tudo bem.
- Me senti segura perto dela, mas não consigo lembrar de nada. Minha mente é um completo vazio.
- Vem cá.
Abracei seu corpo e depositei um beijo em sua testa.
- Tudo ficará bem. - Suspirei.
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