segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O que você fez comigo - Capítulo 5 parte 1

- NÃO! - Gritei assustada e sentei na cama.

O meu sonho parecia tão real que me fez sentir na carne todas as dores que eu sentia nele. Eu estava suada, assustada e chorando. Abracei minhas pernas e encolhi-me na cama.
Eu sonhei diferentes formas para a morte de Logan: latrocínio, assassinato, acidente de avião, carro e moto... Eu estava em todos. Por um momento me perguntei se eu deveria ter morrido em seu lugar e até desejei isso, mas era tão egoísta de minha parte. Se eu tivesse morrido em seu lugar, ele estaria sentindo toda a dor que eu sinto, eu não o queria dessa forma.
Caminhei até o closet, retirei uma de suas camisas de uma caixa e voltei para a cama. Seu cheiro único estava impreguinado nela. Eu desejava percorrer meus beijos pela sua bochecha enquanto minhas mãos brincavam com os seus cabelos. Uniria meus lábios aos seus em um beijo que se iniciaria calmo e depois se tornaria apressado. Desceria pelo seu pescoço sempre tão cheiroso, minhas mãos percorreriam seu abdômen e ele me jogaria em qualquer lugar tomando controle de toda a situação. Seu corpo seria prensado contra o meu e eu sentiria cada extensão do seu corpo. Aquele corpo que eu sempre amaria e sentiria falta.

- Eu não quero ficar só, Log. - Choraminguei. - Eu te esperei todos os dias chegar do trabalho só para te abraçar e saber que eu nunca estaria só, que ao fim de um plantão você voltaria para mim. Por que você me deixou?

O Fredie pulou na cama e encostou sua cabeça em minha perna, me olhando com seus grandes olhos brilhantes. Ele era o ser mais compreensível do mundo. Entendia a necessidade que eu sentia de ter alguém ao meu lado, e ele era a minha mais forte lembrança do Logan.

- Isso quer dizer que eu não estou só? - Sorri em meio às lágrimas e acariciei seus pelos. - Você é um ótimo cãozinho, Fredie.

***

- Sra. Price, um Sr. chamado Steve Hall deseja falar com a senhora. - O Sr. Jones, o porteiro, interfonou para o meu apartamento.

- O Steve? - Questionei alto. - Hum... Tudo bem. É... Eu vou descer.

O Steve? O que ele estava fazendo ali?

Troquei de roupa rápido e desci até o hall de entrada.

- Olá, Amy. - Ele estendeu a mão e me cumprimentou.

- Oi, Steve. - Forcei um sorriso. - O que faz aqui?

- É que eu não te vi correndo hoje, só quis saber se estava tudo bem.  - Ele deu de ombros e pôs as mãos no bolso da bermuda.

- É que eu tive um dia bem corrido no trabalho e não estava muito disposta para correr. - Expliquei. - Além disso, você disse que eu não deveria correr sozinha. - Pisquei.

- Posso correr com você, se você quiser, é claro. - Senti receio em sua fala.

- Steve, você não pretende nada com essa aproximação, não é? - Arqueei as sobrancelhas. - Você me tirou daquele carro, salvou a minha vida, mas também viu o meu marido e o estado que eu o vi pela última vez. Eu o amava, aliás, eu o amo e sei que jamais deixarei de amar. Eu não superei sua morte e também não sei se vou, nem sei se quero... - Ele me interrompeu colocando um dedo em meus lábios.

- Eu já te contei como perdi minha esposa? - Neguei com a cabeça. - Vamos, te pago um café e conversamos. - Ele estendeu a mão para mim. - Eu não vou te beijar ou te agarrar, Amy. Eu não sou esse tipo de cara.

Segurei sua mão e ele acariciou-a com delicadeza. Nossas mãos não estavam entrelaçadas como as de uma casal, na verdade ele parecia um irmão mais  velho que estava a cuidar da sua irmã caçula. Caminhamos alguns metros até chegarmos a uma aconchegante cafeteria.

- Eu só quero que você confie em mim e pare de achar que estou querendo te levar para a cama. - Ele revirou os olhos. - Você é uma das mulheres mais lindas que eu já conheci, entretanto, jamais me aproveitaria do seu momento de fragilidade para fazer isso.

- Me desculpe. - Torci os lábios. - Eu só não querer te magoar e me magoar.

- Eu entendo. - Ele sorriu fraco. - Posso fazer nossos pedidos? - Assenti.

Steve levantou-se e foi até o balcão, onde fez os nossos pedidos e alguns minutos depois voltou com uma bandeja.

- Ela era incrível. Eu amava até os seus defeitos, eles a tornavam tão única. Ela me fez o homem que eu sempre desejei ser. A amei mais que a mim mesmo.

- O que aconteceu com ela? - Indaguei.

- Ela morreu em um assalto. - Ele suspirou. - Nós estávamos voltando para casa a pé. A Carly sempre gostou de andar a pé pelas ruas da cidade. Em um dos nossos passeios, fomos assaltados. Não reagimos, não fizemos absolutamente nada, só entregamos tudo que tínhamos. Quando eles já estavam indo embora, um deles simplesmente disparou contra ela e foi embora.

- Eu sinto muito, Steve. - Curvei meu corpo sobre a mesa e o abracei forte. 

- Eu também a vi morrer na minha frente. O corpo da Carly tombou sobre o meu. Eu a segurei, fiquei coberto pelo seu sangue e a vi suspirar pela última vez. Eu não sabia o que fazer. A Carly morreu porque eu não soube o que fazer. Eu poderia ter salvado a minha esposa se eu soubesse como agir, por isso me tornei paramédico.

- Não foi culpa sua. - Abaixei o rosto.

- Não, não foi, mas eu poderia ter evitado a sua morte.

- Quantos anos ela tinha?

- Vinte e cinco. Já se passaram seis anos desde que tudo aconteceu.

- Como você suportou tudo isso?

- Eu Indaguei por qual motivo ele atirou nela e não em mim, ou quem sabe nos dois. - Ele sorriu sem graça e eu fiz o mesmo.

- Eu também me questiono sobre isso. - Dei de ombros.

- Eu só vivi um dia após o outro. - Ele me encarou. - Pensei que me jogar de um prédio ou deitar na linha do trem, mas eu sabia que a minha vida não poderia acabar assim.

- Você casou novamente?

- Eu tive alguns relacionamentos, mas existe um grande problema em ter encontrado o amor da sua vida...

- Você buscará em outras pessoas alguém como ele e nunca achará. - Completei.

- Exatamente. - Ele sorriu.

- Eles foram únicos.

- Foram sim.

Ficamos em silêncio por algum tempo. Não era um silêncio constrangedor, ambos estávamos pensando em nossas vidas antes das nossas tragédias pessoais.
Caminhamos de volta para o meu prédio ainda em silêncio. A noite estava um pouco fria e as ruas estavam calmas. Os pubs estavam cheios e as luzes dos prédios brilhavam.

- Steve, muito obrigada por suas palavras e companhia. - Sorri sincera e o abracei forte. - Conversar com alguém que compartilha da mesma dor faz com que eu me sinta compreendida.

- Amy, você é compreendida, mas não compartilhamos da mesma dor. Eu entendo tudo isso porque um dia eu vivi isso, mas precisei deixá-la ir... - Ele sorriu sem graça. - Só então a dor foi embora e me restou uma enorme saudade. Um dia você também precisará deixá-lo ir, libertá-lo e se libertar. - Ele acariciou o meu rosto, aproximou-se de mim e depositou um beijo no topo da minha cabeça. - Se cuida.

E então ele se foi.

Steve surgiu em minha vida de uma hora para a outra e se tornou alguém importante, capaz de me fazer sentir confortável em falar sobre o Logan, sobre a minha dor e sofrimento. Eu me sentia péssima em expressar o quanto eu estava devastada, acreditava que as pessoas não aguentavam mais me ver daquela forma, parecia uma encenação melancólica, mas ele era diferente. Steve um dia amou alguém mais que a si mesmo, e a viu ir embora diante dos seus olhos, incapaz de fazer alguma coisa para impedir, assim como eu.

***

- Eu ainda não acredito que você deixou esse cara escapar. - Vanessa jogou um livro em minha mesa. - Um livro sobre você... Incrível. - Ela gargalhou.

- Ele te disse?

- Amy, qualquer pessoa que saiba um pouco sobre a sua história e ler esse livro conseguirá associar. - Ela deu de ombros. - Ele guardou esse amor por esses anos.

- Talvez ele só queira vender uma boa história. - Desconversei.

- Amy Price, não se faça de inocente. - Ela cerrou os olhos e cruzou os braços. - Você marcou a vida desse homem.

- Vanessa, já chega! - Bufei. - Deixe-me trabalhar.

Algum tempo já havia passado desde que o Elliott me dispensou da publicação do seu livro. O vi algumas vezes na editora mas trocamos poucas palavras, diferente da quantidade de olhares ressentidos, que falavam bem mais do que nossas línguas. Nossos olhares conversavam entre si e desabafavam sobre as complicações da vida.

A capa do livro possuía cores escuras e um rosto com expressões tristes. A obra fora denominada "Emily", e eu entendia o motivo. Quando eu estava em San Diego, Elliott brincava que o meu nome era curto, parecia um apelido. Ele alegava que o meu nome deveria ser Emily, e o meu apelido "Emmy".

Eu sabia que aquele livro significava algo importante para ele... Eu fui importante para ele.

***

Pus um tubinho preto, com um decote em V. Passei o batom em um tom mais escuro de vermelho e calcei meu scarpin mais alto. Soltei meus cabelos lisos pelo meu ombro, tomei a bolsa em minhas mãos e desci para a garagem do prédio. Dirigi com cuidado até o shopping em que o evento estava acontecendo e enfrentei a fila como todo mundo.

- Amy? - Ele colocou seus olhos sobre mim. - O que você faz aqui?

- Quero uma dedicatória no meu exemplar. - Sorri e o entreguei o livro.

- Você é esse livro.

- Shi! - Coloquei o meu indicador em sua boca. - Ninguém sabe disso, baby. - Pisquei.

- Não faça isso, Amy... - O vi cerrar os punhos. - Venha cá. - Ele me puxou pela mão e me levou até um local mais reservado. - Você tem noção do quanto é atraente? Eu desejo tanto você e...

- Elli... - O afastei. - Me desculpe.

Caminhei com pressa até a saída do shopping. A quem eu queria enganar? Eu não estava pronta para me aproximar de alguém que traz consigo uma enorme bagagem de lembranças do passado.

- Ei! - Senti-me ser segurada por braços fortes que me puxaram para junto do seu corpo. - Calma. - Ele segurou meu rosto entre suas mãos.

- Minha vida é uma loucura, sabia? Meu marido morre e logo depois o meu ex professor-namorado volta com um livro sobre mim e eu sempre te encontro, acho que você é meu anjo da guarda.

- Você namorou um professor? - Seus olhos se arregalaram e logo depois um sorriso se abriu.

- Não foi oficialmente um namoro, mas nós ficamos continuamente durante alguns meses. - Dei de ombros. - Veio passear?

- Sim. - Ele assentiu. - Mas acho que você precisa de mim. - Ele piscou. - Vem, eu conheço um lugar legal.

Subimos de elevador até a cobertura do shopping, protegida por um segurança, o mesmo era amigo do Steve e nos deixou passar.

- Não façam loucuras! - Ele advertiu e sorriu.

- Eu não vou me suicidar. - Assenti.

- Eu não me referia a isso. - Ele gargalhou. - Já encontramos alguns casais transando aqui. Não sei como, mas eles conseguiram driblar a segurança.

- Não... Nós não... Nossa. - Sorri sem graça. - Nós só somos amigos. - Puxei o Steve pelo braço e rapidamente deixamos o segurança para trás. - Quer vergonha! - Pus as mãos no rosto.

- Relaxe. - Ele sorriu. - Vem, vamos sentar alí.

Sentamos em um banco e observamos as luzes da cidade. Eu sempre fui encantada por contemplar as luzes da cidade, eu amava viver na minha velha Londres.

- Meu casaco. - Ele estendeu para mim. - Aqui venta bastante. - Ele deu de ombros. - Eu te ajudo a vestir.

Steve passou o seu casaco por meus braços e fitou meus olhos por alguns segundos.

- Você pode colocar suas pernas sobre as minhas, se quiser. A Carly sempre reclamava dos sapatos de saltos que faziam os seus pés doerem.

- Ela tinha razão. - Sorri.

Retirei os sapatos e acomodei minhas pernas sobre as do Steve. Ele me transmitia uma paz intensa e um desejo de ficar para sempre ao seu lado, pois ele era capaz de me livrar de todo o medo e de toda insegurança. Eu via no Steve um modelo a ser seguido. Ele conseguiu seguir em frente e eu gostaria de ser como ele. O Logan me amava demais e jamais aceitaria que eu vivesse daquela forma.

- Qual a sua melhor história com o seu falecido marido? - Ele quebrou o silêncio.

- Steve, a pergunta correta seria: "qual a sua história menos impactante?". - Gargalhei. - Eu e o Logan tivemos uma história complicada.

- Estou aqui para te ouvir. - Ele sorriu.

- No dia do meu aniversário de 19 anos eu descobri que meu namorado estava me traindo. Sai de casa às pressas e com a vista completamente embasada por causa das lágrimas. Atravessei a rua sem olhar e fui atingida por um carro acima da velocidade permitida. Sofri muitos impactos e entrei em coma. Passei um ano deitada em uma cama de hospital praticamente sem reagir.

- Uau. - Ele arregalou os olhos.

- O Logan fora o meu médico por todo esse tempo. Ele não desacreditou que eu poderia me recuperar. Por algumas vezes eu quase morri, mas ele estava lá para me reanimar.

- Gostaria de ter feito o mesmo pela Carly. - Ele suspirou. - Infelizmente não podemos voltar no tempo.

- Tenho certeza de que você a fez feliz até o seu último suspiro. Você é um cara incrível. - Fitei seus olhos azuis.

O que você fez comigo - Capítulo 4

- Whitechapel não é um bairro para correr pelas ruas, sabia? - Ouvi uma voz bradar ao meu lado.

- Acho que você também não deve saber. - Revirei os olhos e dei de ombros.

- Você é sempre tão grossa? - Ele parou de andar, levantou os braços em indignação e me encarou.

- Eu era legal antes de perder o meu marido. - Continuei correndo e engoli em seco.

- Espera! - Ele correu até mim e segurou o meu braço, fazendo com que eu parasse imediatamente. - Você não pode se tornar uma pessoa fria por isso.

- Você não sabe de nada. - Soltei-me dele.

- Sra. Price, você poderia me ouvir?

- Por favor, não me chame assim. - Respirei profundamente.

Ser a Sra. Price fora o que eu mais quis depois de conhecer o Logan, saber que um dia eu seria dele e só dele. Saber que compartilharíamos uma casa, uma cama, uma vida.
Ouvir o seu sobrenome me fazia tremer na base. Lembrar que eu já não tinha mais o Sr. Price comigo. Saber que não me restou nada dele. Só os nossos mais sinceros sentimentos estavam ali.

- O que você quer de mim? - Cruzei os braços.

- Eu não quero nada de você. - Ele deu de ombros. - Uma pessoa ser gentil não quer dizer que ela tem segundas intenções.

- Quase sempre, sim. - Pisquei para ele e comecei a andar.

- Você não é assim. - Gelei. - Se escondeu dentro de uma armadura por medo de perder mais alguém.

- Por que você acha que sabe alguma coisa sobre mim?

- Porque eu senti toda a dor da perda...

- Amy.

- Ah, sim... Amy! - Ele sorriu sem graça. - Quando eu me casei, só tinha 21 anos. Eu era bem novo e todos diziam que eu iria me arrepender, que deveria aproveitar um pouco mais. Eu tinha certeza do que queria, e quando temos essa certeza, por que esperar? Eu a amava de todas as formas possíveis e quando ela se foi... Eu perdi tudo o que para mim realmente era importante.

- Eu sinto muito. - Baixei a cabeça.

- Você superará, Amy. - Ele levantou o meu rosto delicadamente me fazendo fitar seus olhos. - Eu achava que isso não era possível, mas uma hora a dor se transforma em saudades. Uma doce saudade dos bons momentos.

- Obrigada pelas palavras. - Forcei um sorriso. - Eu preciso voltar para casa.

- Tudo bem. - Ele colocou as mãos nos bolsos. - Procure correr acompanhada, o bairro não é muito violento mas não é bom que você esteja por aí sozinha. - Recomendou. - Até logo!

O paramédico, assim eu o chamava, já que não sabia o seu nome, nem lembrava se ouvi em algum momento. Eu não sabia se ele estava certo, se um dia eu superaria essa dor, se viveria uma vida normal, mas me custava acreditar nisso. Não imaginamos que podemos sentir uma dor tão grande, até sentir. E quanto sentimos, clamamos a Deus para que tudo aquilo seja um terrível pesadelo, é que parece ser maior do que o que suportamos.

Se eu pudesse voltar no tempo e escolher novamente ficar com o Logan ou não, eu o escolheria. Eu escolheria viver o nosso amor por milhões de vezes repetidas. A minha dor nunca seria maior que o amor que gritava dentro de mim todos os dias em que estive ao seu lado, e até nos que eu não estive...

***

- Sr. Craig, quero lhe apresentar Amy Price, ela e sua equipe cuidará para que o seu livro seja publicado. - Vanessa sorriu e me puxou pelo braço.

- Amy?

- Elliott? - Arregalei os olhos.

Alí estava ele. Elliott não havia mudado absolutamente nada desde a última vez que o vi. Seus olhos castanhos brilhavam intensamente, sua barba estava por fazer, seus cabelos grisalhos. Elliott era uma perfeita mistura de um homem sério e descontraído ao mesmo tempo.

- Vocês já se conhecem? - Questionou Vanessa.

- Fui sua aluna quando estive na Universidade da Califórnia. - Sorri sem graça.

- Também tivemos um relacionamento. - Ele sorriu e depositou um beijo em minha bochecha. - Vejo que você se casou. - Ele pegou a minha mão.

- Sou... Viúva.

Pela primeira vez desde o acidente, eu precisei me identificar daquela forma, e como doeu.

- Eu sinto muito, Amy... Eu não... - O interrompi.

- Não vamos falar sobre isso, por favor. - Suspirei. - Venha até a minha sala, trataremos sobre o seu livro.

Caminhei em passos longos até o meu escritório. O meu salto agulha batia contra o piso, aquele era o único barulho ouvido. Girei a maçaneta e abri a porta. Apontei para a cadeira que ele poderia sentar, e caminhei até o outro lado da mesa, sentando de frente para ele.

- A Vanessa me mandou o seu livro hoje cedo por e-mail. - Comecei a mexer no notebook.

- Você se casou com ele?

- Elliott... - Balancei a cabeça em reprovação. - Eu não quero falar sobre isso.

- Você me abandonou, Amy. Eu tenho o direito de saber.

- Sim, eu me casei com o Dr. Logan Price, estive grávida dele e perdi os dois no mesmo dia. - Senti meus olhos encherem de lágrimas. - Eu realmente não quero falar sobre isso. Dói! - Apontei para o meu peito.

- Me desculpe, eu realmente sinto muito por isso. - Ele apertou as minhas mãos como se me passasse força.

- Obrigada. - Sequei uma lágrima que escorria em minha bochecha. - Você teria algum tempo livre amanhã? Posso ler o seu livro ainda hoje e conversamos amanhã.

- Eu não quero que você leia esse livro. Eu não fazia ideia de que você trabalhava aqui, eu nunca teria vindo se soubesse.

- Elliott, eu sei que tivemos problemas, mas é o meu trabalho, você não pode...

- Amy, você não vai trabalhar comigo nesse livro. Eu não quero.

- Você só pode estar brincando. - Sorri incrédula. - Não seja criança, Elliott!

- Eu não estou agindo como criança... - O interrompi.

- Como você descreve essa atitude? O que esse livro tem de tão importante que eu não possa ler?

- Você. Esse livro fala sobre você, da primeira à última página, Amy. Fala sobre a linda garota que eu conheci em um dia ensolarado em San Diego. Fala sobre o quanto eu a amei... E o quanto eu fiquei devastado quando ela se foi.

- Elli... Eu... Nossa. - Fechei os olhos com força. - Eu não esperava por isso.

- Tudo bem. Diga a Vanessa que eu quero outra equipe. Me desculpe por isso, mas eu não posso trabalhar com você.

Elliott suspirou e deixou a sala.

Um livro. Um livro sobre mim...

***

O sol já estava se pondo. Entrei em casa e fui recebida pelos pulos alegres do Fredie. Desci com ele para que pudéssemos caminhar um pouco.

- Uma hora todas as coisas voltarão para o seu devido lugar, amigão. - Acariciei os seus pelos claros.

- É bom ouvir que você acredita nisso. - Ele sorriu.

- Nossa, eu quase pensei que estivesse louca. - Sorri. - Pensei que o Fredie estava falando comigo.

- Uau. - Ele gargalhou.

- Você anda me seguindo? - O encarei.

- Eu moro nessa rua. Naquele prédio alí. - Ele apontou para um pequeno edifício bege. - Você também mora por aqui?

- Moro sim. Acabei de me mudar, para falar a verdade. - Dei de ombros. - Eu não sei o seu nome...

- Steve. - Ele estendeu a mão. - Steve Hall.

- Amy Price. - Apertei sua mão. - Mas você já sabe.

- É um prazer conhecê-la oficialmente, Amy. - Sorrimos. - Eu estou indo para o trabalho, mas nos encontramos por aí.

- Claro. - Assenti. - Steve?

- Sim. - Ele se virou para mim.

- Obrigada por ter me salvado.

- É o meu trabalho.

***

Tomei um banho demorado e frio. Sequei meus cabelos, espalhei cremes pelo meu corpo, vesti uma roupa leve e deitei em minha cama. Coloquei o notebook no meu colo e comecei a ler os escritos do Elliott.
Não pude deixar de conter as lágrimas que pesavam nos meus olhos. Elliott fora tão ferido por mim, e mesmo assim me descrevia como se eu fosse a coisa mais preciosa de sua vida, como se eu fosse um raio de sol em um dia frio, ou como a chuva em um dia quente, um alívio para a sua vida. Suas palavras eram doces demais. Ele colocou alí todo o seu amor... Eu sequer fui capaz de reparar na sinceridade de seus sentimentos. Mas quem era eu para merecer tamanho sentimento? Uma garota de 20 anos, que fugira do país para não enfrentar um obstáculo de sua vida. Eu não tinha nada de especial, nada de diferente... Nada que me fizesse ser digna de seus mais puros sentimentos.

sábado, 20 de janeiro de 2018

O que você fez comigo - Capítulo 3

Os enterros sempre são difíceis. Imagine que você é rotineiramente acostumado ao convívio com alguém e simplesmente precisa dizer adeus. Colocá-lo dentro de uma caixa, trancar, jogar terra, colocar grama e nunca mais ver. Não é simples se convencer de que nunca mais trocarão olhares, que seus corpos nunca mais se unirão em um momento íntimo, que seus lábios nunca mais se provarão, que sua pele nunca mais sentirá o seu toque. Nada daquilo era fácil de lidar.

A dor de dizer adeus quando não foi uma escolha sua. A dor de dizer adeus a alguém que você quer tanto por perto. A dor de dizer adeus a quem você mais ama. A dor de dizer adeus e viver só. A dor. As dores.

Meu físico se recuperava bem. Logo poderia retirar os gessos do meu braço e perna. Nas extensões do meu corpo ainda se encontravam algumas feridas em cicatrização, outras, só cicatrizes. Meu abdômen já não doía mais pela curetagem, mas o meu coração não estava bem com o ocorrido.

Assim que terminei a faculdade, consegui um excelente emprego em uma editora. Por conta da correria do trabalho, acabei não me dando conta do atraso de minha menstruação. Foi só com os enjoos matinais que acabei lembrando desse detalhe e me ocorreu que eu poderia ter um bebê dentro de mim.
Comprei alguns testes de farmácia e todos deram positivo. Me senti agraciada pela privilégio de carregar dentro de mim uma criança que seria o fruto do meu relacionamento com o meu marido. Também fiz um Beta HCG para ter a completa certeza de que aquilo era real, só então eu contei para o Logan.

Naquela tarde, depois de sair do trabalho, passei por algumas vitrines de lojas de bebês. Sempre amei as ideias de revelações de gravidezes, gostaria de fazer algo especial para o Logan. Desde que nos casamos, há 2 anos atrás, ele sempre falava que estava ansioso para ser pai, para que o nosso amor se multiplicasse.
Eu sabia que aquele era o dia do seu plantão a noite, seria perfeito para mim.  Ao chegar em casa, adentrei o quarto vazio que reservamos para quando o novo membro da família chegasse. Sim, o Logan esperava todos os dias para que eu lhe anunciasse isso.
Subi com cada peça do bercinho que comprei mais cedo. Coloquei lá dentro e comecei a seguir as instruções para montar. Não fora uma tarefa tão difícil assim. E lá estava ele, um lindo berço branco e delicado. Era perfeito.
Dentro do berço eu pus um par de sapatinhos brancos, o Beta HCG e os testes de farmácia. Seria a minha surpresa e o meu presente para alguém tão amado.

- Quantos dedos tem aqui? - Mostrei minha mão para ele.

- Amor, eu juro que não estou vendo nada.

- Vou confiar em você, Sr. Price.

Ele estava vendado. O guiei pela mão até dentro do quarto. Caminhamos até o bercinho e finalmente eu retirei a venda de seus olhos.

- GRÁVIDA? - Seus olhos se arregalaram. - Minha nossa! - Ele me tomou em seus braços me tirando do chão. - Eu já te disse que você me faz muito feliz? O homem mais feliz do mundo, para falar a verdade. - Ele uniu seus lábios aos meus.

- Eu amo você. Vocês... Agora. - Acariciei minha barriga.

- Eu amo vocês. - Ele depositou um beijo em minha barriga. - Eu serei pai. - Ele sorriu animado.

Algum tempo depois decidimos que se fosse uma menina, a chamaríamos de Charlotte. Caso tivéssemos um menino, o chamaríamos de Ethan. O meu bebê morreu sem nome, sem toque, sem carinho...

Foram poucos os nossos contatos, foi pouco tempo de felicidade, mas a sensação dentro de mim nunca morreria. Aquela alegria... Eu jamais esqueceria. Eu jamais o deixaria morrer em meus pensamentos.

***

O testamento do Logan fora lido. Não era grande e nem complicado. Sua família era pequena e todos viviam muito bem. Tudo o que ele construiu durante a sua curta vida foi deixado deixado para mim, o que já era imaginado, já que éramos só nós dois.

- Você ficará bem? - Mamãe acariciou o meu rosto. - Aquela casa está cheia de lembranças dele.

- Eu não posso voltar a morar aqui, mãe. - Sorri sem graça. - Eu construí uma vida... Se bem que ela fora no mínimo devastada. - Dei de ombros. - Eu ficarei bem.

Não, eu não ficaria bem. Entrar naquela casa seria a minha sentença de morte.

Abri a porta da sala e parei ali mesmo. Respirei profundamente buscando o ar em meus pulmões. Eu não estava preparada para voltar alí.
Tudo estava exatamente como nós deixamos na manhã do acidente. Sua camisa branca estava jogada no braço do sofá. Seu cheiro ainda estava ali... Era como se ele ainda estivesse ali.
Peguei uma caixa e comecei a juntar os porta retratos com nossas fotos. Coloquei os livros, CDs e DVDs também.
Subi para o nosso quarto e fui tomada por uma onda de dor ainda maior que tudo que eu senti nesses últimos dias. A nossa cama ainda estava bagunçada. Nossos lençóis amassados, nossos cheios nos travesseiros. Ninguém entrou alí depois do ocorrido, eu não permiti. Deitei na cama e abracei o seu travesseiro... Como eu conseguiria passar o resto da minha vida sem sentir o seu perfume adentrar as minhas narinas?

Coloquei todas as minhas roupas nas malas que encontrei pela casa. Pus todos os meus sapatos, acessórios, pertences pessoais, tudo que era meu.
Coloquei as coisas do Logan dentro de caixas, se alguém estava esperando que eu fosse me desfazer delas, eu não estava pronta para isso, nem sabia se um dia estaria.
O nosso closet estava vazio. Não havia uma peça sequer lá dentro. Eu sairia daquela casa, viveria em outro lugar, eu só não suportaria vê-lo em cada centímetro daquela casa. Era um castigo grande demais.

Eu já havia saído para procurar um apartamento confortável que pudesse me abrigar. Escolhi um apartamento em Whitechapel. Ok, a história do Jake, o estripador, já ficou para trás, Whitechapel não é assim tão ruim. Talvez esse ambiente mais cheio de pessoas fosse me fazer bem.

Quando entrei no quartinho que seria do nosso filho, me permiti chorar e viver aquela terrível dor que gritava dentro de mim. Eu chorei pelo Logan, mas guardava-me do sofrimento pelo meu filho, porque eu não tinha o meu marido para me reerguer quando eu desabasse. Era muito mais profundo do que se podia imaginar, e eu não tinha uma escolha além de seguir sozinha, de superar sozinha.

***

No dia seguinte, levei meus pertences para o meu novo lar. Abri as janelas e ouvi o barulho das ruas. O dia estava levemente ensolarado e colorido lá fora.
Comecei a organizar meus pertences no pequeno closet e deixei as coisas do Logan nas caixas. Eu não as deixaria para trás, mas não poderia fingir que ele ainda estava aqui. Não poderia me matar dessa forma. 
O apartamento já era mobiliado, o que facilitou a minha vida. Na segunda-feira eu precisaria voltar para o trabalho e não teria tempo para resolver essas coisas.
Estava confusa em relação ao que fazer com a casa em que morávamos, não estava feliz em me desfazer da casa que o Logan morou desde que saiu da casa dos pais, mas eu não pretendia pisar alí nunca mais. Aquela cara parecia ter o rosto dele gravado nas paredes.

- Você não pensou que eu fosse te esquecer, não é? - Abracei o Fredie. - Vamos para a nossa nova casa, amigo. - Sorri de lado. - Você é a minha única memória viva dele. Não me deixe também, por favor. - Sentei ao seu lado.

- Amy... - Mamãe lamentou. - Você tem certeza de que não quer ficar comigo?

- Sim, mamãe. - Forcei um sorriso. - Obrigada por ter cuidado do Fredie.

- Ele é um ótimo cachorro. - Ela sorriu.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O que você fez comigo - Capítulo 2

Suas mãos delicadas passaram a escova pela extensão dos meus fios escuros. Escovou meus cabelos com delicadeza e lentidão. Os juntou com as mãos e amarrou-lhes em um rabo de cavalo baixo. Colocou brincos em minhas orelhas e lançou-me um sorriso forçado. Apenas continuei encarando o espelho em minha frente.

- Farei uma maquiagem básica, apenas para melhorar esse rostinho.

Dei de ombros. Essa maquiagem esconderia minhas olheiras, mas seria impossível maquiar, esconder minhas emoções tão nítidas até em meus olhos.

***

Megan empurrou minha cadeira de rodas até a primeira fila de cadeiras. Olhei ao redor e avistei tantos rostos conhecidos. Na primeira fileira, a qual eu estava, mamãe, David, Thomas (pai do Log) e Ryan (seu amigo médico). Espalhados pelas outras filas estavam muitos outros companheiros de trabalho do Logan. Conheci cada um deles na época que passei pelo acompanhamento. Alguns parentes distantes do Logan também compareceram à cerimônia.
Imaginei a dor que sua mãe sentiria se estivesse ali, principalmente no estado que se encontrava alguns anos atrás. Eleanor não fora uma boa mãe para o Log, mas eu sabia que o amava, qual mãe, mesma da sua maneira louca, é incapaz de amar um ser que saiu de dentro dela?

Um pastor, conhecido do Thomas, iniciara a cerimônia, uma espécie de "culto fúnebre". Falou sobre a dádiva que é viver e sobre a única certeza que temos, a morte. Lamentou por nossa perda e nos consolou dizendo que o Logan foi para um lugar melhor.
O Thomas começou a falar sobre os seus momentos com o Logan. Sorriu em meio às lágrimas contando situações engraçadas, depois, desabou no choro e não conseguiu falar mais nada. Ryan representou o hospital e também honrou o médico incrível que o meu marido fora. Marido, eu sequer tinha conseguido me acostumar com essa palavra, agora precisaria conviver com "viúva".

- Amy, você deseja falar algumas palavras? - Thomas indagou baixinho.

Assenti e ele empurrou minha cadeira para frente, fazendo todos os olhares se voltarem para mim. Engoli em seco.

- Sabe, nós estávamos indo para o Regent's Park, sempre adoramos esses programinhas. Eu e o Logan caminhávamos de mãos dadas pelo gramado e conversávamos sobre besteiras. - Dei de ombros. - Era só mais um dia comum. - Senti a primeira lágrima descer pela minha bochecha. - A morte não quer saber se é um dia comum, ela só acontece. - Torci os lábios. - Isso é uma droga, sabia? - Sorri sem graça. - Nós estávamos casados e felizes, esperando um bebê que aumentaria ainda mais a nossa alegria. O Logan ficou louco quando descobriu. Todos os dias ele conversava com o bebê. - Parei por alguns segundos. - Ele estava fazendo aquelas vozes fofas quando tudo aconteceu. Ele estava falando com o filho, contando o quanto estava feliz por saber que estava perto deles se conhecerem de verdade.

Eu já soluçava quando terminei de falar. Meu coração batia descompassadamente, minha mente fora invadida por pensamentos dolorosos.

- Querida... - Thomas me abraçou. - Você não precisa continuar, se não quiser.

- Eu quero. - O afastei.

Enxuguei minhas lágrimas e encarei as pessoas a minha frente.

- Eu o amei todos os dias, desde que o conheci. - Sorri. - Eu sou tão nova, uma hora todos dirão que eu devo arrumar um novo amor, mas não é algo que eu queria... Eu tive uma bela história, em? - Abri um sorriso largo. - Essa seria a história que eu gostaria de contar para os nossos filhos e netos... - Fechei os olhos sentindo um turbilhão de emoções me invadirem. - Nossa... Isso é doloroso. Nós amamos intensamente sem imaginar que um dia isso possa acontecer. Ninguém nos prepara para isso, não é mesmo?

Eu gostaria de falar tantas coisas que já não sabia mais o que falar. Poderia falar de como nos conhecemos, das loucuras que enfrentamos, do nosso casamento, da descoberta da minha gravidez... Foram tantas maravilhas, mas elas estavam mergulhadas em um mar de dor e sofrimento. Naquele momento, só quis gritar para o mundo todo ouvir o quanto eu estava furiosa por tê-lo perdido.

- Meu Deus... Eu não posso enterra-lo. - Desesperei-me. - Como conseguirei viver sem nunca mais ver o seu rosto? Não, não... - Toquei no caixão. - Por favor...

- Amy, você precisa deixá-lo ir. - Mamãe me abraçou.

- Mãe, eu não consigo. É ele, é o Logan. É o meu marido. - Choraminguei. - Mãe, eu perdi o meu bebê, ele deveria estar ao meu lado para me consolar. Meu Deus... Nossa... - Passei a mão pelo meu cabelo. - Eu ainda sinto como se ele estivesse aqui. - Apontei para a barriga. - Eu não vou conseguir sem o Logan.

Eu não dispunha de opções.

Observei de longe as pessoas jogarem rosas sobre o seu caixão. Aos poucos, o cemitério ficou vazio e frio. Olhei os túmulos ao redor e imaginei quantas mulheres sofreram como eu estava sofrendo. Quantas famílias abaladas, perdidas.
Com dificuldade, empurrei minha cadeira até o seu caixão. Pedi para que abrissem para mim, precisava me despedir.

- As pessoas costumam dizer que o tempo cura todas as feridas, meu amor. - Toquei em suas mãos frias. - Você abriu em mim uma ferida grande demais para um dia ser sarada. Eu sei que nada disso é culpa sua, mas eu te odeio um pouquinho por ter ido antes de mim. - Sorri em meio às lágrimas. - Eu sempre te disse que queria ir antes, você trapaceou, espertinho. - Encostei minha cabeça em seu peito. - Prometo que nunca esquecerei dos seus olhos azuis que adoravam me deixar sem graça ao me olhar sem piscar. Também não esquecerei dos seus beijos, do seu toque, do seu corpo... Nós sempre seremos um único corpo, Logan. - Acariciei o seu rosto. - Não te direi Adeus. Eu nunca te deixarei. Meu pensamento sempre estará em você.

Assenti para que fechassem o caixão e pus uma rosa sobre o mesmo. O meu marido e filho estavam realmente mortos.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O que você fez comigo - Capítulo 1

Uma. Duas. Três. Quatro. Dez. Doze. Doze vezes. Doze infelizes vezes que o nosso carro capotou. Senti cada impacto. Vi cada caco de vidro voando por todas as partes. Senti cada peça do carro ser despedaçada. Senti meu sangue escorrendo pelo meu corpo. E senti o airbag sendo empurrado contra mim. Senti meus ossos quebrarem. Senti algumas lágrimas saindo dos meus olhos. Senti minha respiração ficar ofegante. Senti meu útero e barriga doerem imensamente como se alguém dentro de mim pedisse por socorro. E pedia.

Sangue. Sangue. Sangue. Ele estava coberto por sangue. Seus cabelos bagunçados e colados na testa onde uma poça do líquido vermelho já estava formada. Suas pernas estavam esmagadas pelas ferragens do carro, o airbag pressionando seu corpo contra o banco. Seus olhos estavam abertos, mas ele não se mexia. Engoli em seco. Abri a boca na tentativa de chamá-lo, mas eu não tinha forças para isso. Todo o meu corpo doía e eu lutava para me manter acordada.

Olhei em volta e uma multidão se formava ao nosso redor. Pessoas gritavam perto de mim. Suas bocas gesticulavam coisas que eu não conseguia entender, pois estava tomada pelas lágrimas que eu não conseguia conter de forma alguma.

- Logan... - Falei baixinho quando finalmente consegui. - Por... Favor... - Falei entre engasgos.

Ele continuava imóvel. Seus olhos azuis não tinham o mesmo brilhos de todos os dias quando me acordava aos beijos. Aquele olhar de quanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e beijava meus lábios com cuidado, como se tocasse em algo precioso. Seu olhar estava morto, assim como ele.

- Nós vamos cuidar de você, meu bem. - Um dos paramédicos sorriu enquanto me carregava para dentro da ambulância. - Você pode me dizer o seu nome? - Ele indagou.

- Amy. Amy... Price. - Falei baixinho e pausadamente. Price... Sra. Price.

- Tudo bem, Amy. - Ele assentiu. - Preciso que você seja forte, tudo bem?

Um dia Gandhi disse "O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente que há no mundo." Eu sabia que o ser que me fez viver o amor estava morto. Em que lugar eu buscaria forças para sobreviver? Eu não queria.

- Amy, olha aqui... - Ele segurou o meu rosto entre suas mãos, quando me viu desfalecer. - Fica comigo.

As portas da ambulância foram fechadas e ali permaneci com ele e mais alguns paramédicos remexendo-me. Eu fechei meu olhos e continuei chorando. Não queria falar nada, nenhuma dor física se comparava ao que estava acontecendo.

Levei uma das mãos à barriga e respirei profundamente. Eu não queria pensar que também o perdi, mas eu sabia que sim. 

- Meu bebê. - Falei baixinho. - Eu estou grávida... Ou estava. - Senti meu coração apertar dentro do meu peito.

Ele levantou minha blusa, revelando uma barriga ainda pequena e lisinha. Iniciou o exame com um ultrassom portátil. Não olhei para a telinha, não olhei para ninguém.

- Ele morreu, não foi? - Sorri sem graça.

- Estamos quase chegando no hospital, você será atendida e um obstetra poderá falar sobre isso com você bem melhor que eu.

- Ele morreu. - Engoli em seco.

Enquanto eles limpavam meus ferimentos, faziam curativos e tratavam de mim da maneira que podiam, minha mente voltou-se para Logan.

Minutos depois do acidente, ouvi sirenes. Eram os bombeiros. Correram até Logan e sentiram seu pulso. Ou melhor, não sentiram. Concordaram que precisavam me tirar de lá o mais rápido possível, isso não custou muito, já que o meu lado do carro estava para cima, facilitando o trabalho deles.
Logan estava preso nas ferragens. Quando eu saí de lá, eles ainda estavam tentando cortar os ferros para tirar o seu corpo. Seu corpo, só o corpo... Ele não estava mais lá. Nada dele restava ali. A essência do médico dedicado, do marido amoroso, do pai brincalhão que seria, do amigo fiel, do filho educado... Aquela essência não estava mais perto de mim.

Quantas vezes acordei desesperada por sonhar com a sua morte? Inúmeras. Ele sempre me envolvia com os seus braços, me deitava sobre o seu corpo como se eu fosse uma criança, e me protegia de toda a dor. Ele não conseguiu me proteger quando tudo de fato aconteceu.

***

Olhei para aquela movimentada sala de cirurgia. Enfermeiros de um lado, cirurgiões de outros, instrumentadores, anestesistas... Todos prontos para fazerem o melhor por mim. Lembrei-me da última vez que estivesse nessa situação... Ele estava ao meu lado. Eu o tinha. Ele fizera o melhor por mim.

- Repararemos esses estragos. - A médica piscou para mim antes da anestesia invadir-me.

E os estragos em meu coração, vocês também reparariam?

***

- Meu amor... Que tragédia! - Mamãe apertou minhas mãos enquanto chorava ao lado de minha cama. 

Fechei meus olhos e me permiti chorar. Não falei nada, não gesticulei nada, apenas chorei por toda a dor que eu estava sentindo.
Foram muitas visitas em pouco tempo. Todos estavam sabendo do terrível acidente, da tragédia que nos assolou de uma hora para a outra. Mamãe, David, Megan, até mesmo o meu pai veio me ver. O Sr. Price, pai do Logan, também compareceu. Chorou durante alguns minutos ao meu lado, gostaria de lhe dizer algumas palavras, mas eu sentia a sua dor e sabia que nada que eu dissesse poderia melhorar o seu sofrimento, então apenas o abracei.

- Seu sofrimento é em dobro, minha querida. - Ele acariciou a minha barriga. - Eu sinto tanto por isso. Meu Deus... - Ele passou a mão em seus cabelos. - Como isso foi acontecer? Por que logo com vocês?

Nunca saberíamos o motivo de todas as tragédias acontecerem, elas só acontecem. Elas nos atingem de uma hora para a outra e levam tudo consigo. São como ondas grandes que nos atingem enquanto estamos distraídos no mar. Nos arrastam com toda a sua força e nos golpeiam dolorosamente.

***

Aquela noite fora a mais difícil possível. Eu era Amy Price, uma garota de 24 anos, casada com um lindo médico, com o qual vivi uma linda história de amor, grávida de 3 meses do seu primeiro filho ou filha, formada, com um bom emprego e uma família maravilhosa. De repente, tornei-me apenas Amy... Sem nada, sem ninguém. A mesma Amy de anos atrás, só que muito mais vazia e carregando dentro de si uma dor enorme.

Ainda não havia completado 24 horas desde que tudo aconteceu. Eu só desejava que aquilo fosse um pesadelo do qual eu iria acordar e receber o seu abraço reconfortante. Juro que balancei o meu corpo tentando me fazer acordar, até que me dei conta de que tudo era real, meu pesadelo era a minha vida.

- Posso entrar? - Uma voz estranha e ao menos tempo familiar ecoou pelo quarto. Virei-me para a porta e o fitei. - Desculpe por incomodar, só quis saber se você estava bem.

- Não se apaixone por mim e nem espere que eu me apaixone por você. Eu já vivi um romance intenso o suficiente por essa vida e não quero mais ninguém perto de mim. - Respirei profundamente depois de falar. - Pode ir embora.

- Ei, calma. - Ele levantou os braços em rendição. - Não estou tentando te conquistar, Sra. Price. - Ele sorriu de lado. - Soube da sua história. Sinto muito.

- É o que todos dizem. - Dei de ombros.

- Perdi minha esposa em um acidente também. Eu realmente sinto muito. - Ele suspirou e saiu do quarto.

Fora ele o paramédico que conversava comigo enquanto me socorria. Tentava me manter firme, viva. Estava grata por tamanha preocupação, mas ferida demais para conseguir conversar com alguém sem também ferir.

***

Um braço e uma perna quebrados, escoriações por todas as partes do corpo, testa com alguns pontos, um enorme desconforto abdominal por conta da curetagem, assim eu fui liberada. Eu sentia muitas dores em meu corpo, mas as dores em minha alma eram imensuráveis. Eu havia perdido o Logan, e junto com ele, o maior presente que eu havia ganhado, o nosso bebê. A vida me arrancou os dois de maneira abrupta. Não me restou sequer um pedacinho deles para que eu pudesse me assegurar nos dias maus. Eu estava só. Ninguém seria capaz de me curar. Eu não acreditava que com o tempo as coisas fossem melhorar, nada iria melhorar.
Um dia o Logan me falou que éramos épicos, que a nossa história era inacreditável e insuperável, eu estava completamente convencida disso. Eu não aceitaria supera-lo.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Capítulo 15 (parte 1 versão 1) - O sequestro

"Eu não sei se o que eu sentia era amor ou obsessão. Amy sempre esteve ao meu alcance, perto de mim, para mim. Eu não aceitaria a ideia de que ela seria de outro. Aquela era a garota que planejou uma vida ao meu lado: casamento e filhos. Sonhou que iria para a mesma faculdade que eu, que viveríamos um eterno romance. Seu acidente a tirou de mim, levou embora tudo o que ela sentiu por mim. Aquele acidente tirou as coisas do rumo certo. Ela nasceu para mim e morreria ao meu lado. Ela seria minha e eu seria seu.

2 horas da madrugada, corredores sem movimentação, capuz e clorofórmio. Eu colocaria um ponto final nesse embaraço na minha vida que se chamava Logan Price.
Ele andava pelos corredores do bloco administrativo olhando alguns prontuários. Naquele horário, aquele bloco se tornava quase inabitado, o que facilitou a minha entrada.
Passou pela porta em que eu estava sem perceber que algo de errado estava prestes a acontecer. Andei atrás dele, pressionei um pano com clorofórmio contra o seu rosto até vê-lo cair em minha frente. Ótimo!
Certifiquei-me de que o monitor das câmeras estaria cansado demais para perceber qualquer movimentação, o que me garantiu que eu poderia tirá-lo de lá sem ser pego.
Puxei-o pelo seu jaleco até uma porta que dava acesso à parte de trás do hospital. Amarrei suas mãos e pés, com dificuldade o coloquei dentro do meu carro e sai de lá. Diga Adeus, Logan." Dylan

***

Acordei completamente suada, o que era estranho, já que a  noite estava fria. Não tive um pesadelo, mas meu coração estava apertado e batia descompassadamente.
Desci para a cozinha e tomei um copo de água. Olhei para o relógio de parede que marcava 3 horas da madrugada. Voltei para o meu quarto, tomei um banho rápido, coloquei uma roupa mais fresca e me joguei na cama. Aquela sensação estranha não passava e eu comecei a ficar preocupada. Peguei meu celular e me deparei com uma imagem mandada por um número desconhecido. Era o Logan.

- Mãe, acorda! - Balancei seu corpo.

- Amy? O que aconteceu, querida? - Ela sentou na cama. Seu rosto estava amassado e seus cabelos bagunçados, se eu não estivesse desesperada, riria.

- Aconteceu alguma coisa com o Logan. - Apontei para a foto no meu celular. - Precisamos ir para uma delegacia. Mãe, eu estou com medo.

Eu não sabia o que havia acontecido, quem havia feito aquilo, quem deveria procurar ou se eles conseguiriam achar o Logan.

A foto mostrava ele desacordado jogado no chão de uma casa qualquer. Estava amarrado e com o rosto cortado. O que fizeram com ele?

- Você não sabe quem pode ter feito isso?

- Claro que não. - Falei nervosa. - Vocês precisam ir atrás dele, por favor. - Choraminguei.

- Srta. Watson, nós não podemos ir atrás dele sem saber o local em que ele se encontra. Nossas viaturas já foram acionadas, mas não há um local específico que possamos procurar. Eu sinto muito. - Ele lamentou. - Também estão procurando no hospital em que ele trabalha.

Meu celular começou a tocar freneticamente. Imaginei que pudesse ser o sequestrador, então atendi com rapidez.

- Amy? Meu amor? - Sua voz estava fraca.

- LOGAN?

"Continue falando, nós iremos rastrear." - O policial falou baixinho enquanto outros se movimentavam com rapidez para consegui localizar o sinal.

Aquela era a nossa única chance de conseguir achar o Logan.

- Logan, o que aconteceu com você? Você se machucou muito? O que fizeram com você?

- Amy, foi o...

Fim da ligação.

Apertei o celular com força e comecei a chorar.

- Me digam que vocês conseguiram, por favor.

- Sim, nós conseguimos. - Eles sorriram vitoriosos. - Nós iremos até lá.

- Eu vou com vocês. - Levantei.

- Não! - Minha mãe me olhou desesperada. - É perigoso, Amy. Você ficou maluca? Eles são preparados para isso, você é só uma garota frágil.

- Mãe, é do Logan que estamos falando. - Dei de ombros. - Eu vou.

- Nós não deixaremos que você vá. - Um dos policiais de pronunciou já caminhando para a viatura.

- Será que vocês não entenderam que precisam de mim? Essa pessoa quer me atingir de alguma forma, ou ela não teria mandando a foto e me ligado. Eu estou envolvida nisso.

***

"Era uma casa velha de madeira. Eu costumava brincar ali com a Amy quando éramos crianças. Sim, eu mataria o seu amado ali, para que ela entendesse que deveria ser minha e que qualquer pessoa que entrasse no nosso caminho, aquele seria o destino. A morte do Logan era o preço que ela pagaria por ter me lançado fora.

Joguei seu corpo lá dentro, sentei em uma cadeira e esperei que ele acordasse. Mandei a foto para a Amy de um número desconhecido, aquela seria a sua última lembrança do seu amado, só sobrariam as suas cinzas.

Não demorou muito para que o desgraçado acordasse se contorcendo para sair dalí. Sua vida estava em minha mãos... Quão boa fora a sensação de poder decidir entre matar ou deixar permanecer vivo. Claro que eu mataria.

Com um canivete, comecei a abrir pequenos cortes em sua pele. Ele gemia de dor. Ele sentiria a mais profunda dor antes de deixar esse mundo.

- Desgraçado... - Ele murmurou tentando me chutar.

- Que tal você dizer umas últimas palavras para a Amy?

Disquei seu número, esperei que ela atendesse e coloquei o celular em seu ouvido. Aquela seria mais uma tortura, ouvir a voz da Amy e saber que nunca mais a tocaria. Desliguei quando me dei conta de que ele me entregaria. A Amy não poderia saber que eu tive parte nisso.

- Cala essa boca! - Chutei suas costelas e o observei se encolher.

- Por que você não me solta para que possamos resolver isso de homem para homem? Você é um covarde, Dylan. - Ele sorriu debochado. - O pior de tudo é que mesmo após a minha morte, você nunca recuperará a Amy. Nós somos épicos." Dylan

Minhas últimas palavras deixaram o Dylan irritado. O mesmo caminhou com passos duros até fora da casa.

Meus olhos brilharam ao ver o canivete que ele deixara sobre a cadeira que sentou. Aquela era a minha chance.
Dylan conversava com alguém ao telefone, o que foi o suficiente para que eu me arrastasse até a cadeira e com dificuldade pegasse o canivete, cortando as amarras e me cortando um pouco também.

Ouvi a sua voz e constatei que ele estava na frente da casa. Abri a porta do seu carro com cuidado, dei partida e sai.
Fui surpreendido com tiros vindo de toda a parte. O desgraçado corria atrás do carro com duas pistolas na mão. Por estar no meio de uma mata cheia de árvores e pedras por toda a parte, era difícil aumentar a velocidade do carro. Os vidros já estavam todos quebrados.  Ouvi um estrondo, uma dor insuportável começou a surgir em meu ombro e o sangue começou a escorrer pela minha roupa. Sem noção alguma do que estava fazendo, olhei para frente e já não pude desviar mais, eu estava capotando com o carro, descendo por um barranco.

Últimos capítulos, meus amores. O que vocês estão achando da história? Eu serei boazinha e o deixarei vivo ou esse será o triste fim do Logan? Comentem!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Epílogo

Com Maisie e Dylan fora de suas vidas, Amy e Logan finalmente estavam livres para viverem suas vidas um ao lado do outro.
Um relacionamento cúmplice, arrebatador, delicado, sincero, pacífico, animado, engraçado... Com amor.

A mãe de Logan não conseguira vencer o câncer e morreu 10 meses depois da descoberta da doença.

O pai de Amy e Trixie casaram. Amy levou Logan para conhecer o seu pai, que o adorou.

Phill encontrou uma namorada.

Ela nunca mais soube nada sobre Elliott.

Dylan continuava preso e ficaria assim por um bom tempo.

Três anos mais tarde, Amy concluíra a sua faculdade de Literatura Inglesa, casara com o seu grande amor e estava esperando um filho dele.

Capítulo 15 (parte 2) - O sequestro

"O observei de longe descer de barreira abaixo capotando com o carro. Bingo! Logan fugiu, achou que conseguiria se safar, mas a vida finalmente conspirava ao meu favor.
Corri para a casa, peguei o galão de gasolina que lá deixei e comecei a descer a barreira com cuidado, observando o meu carro destruído. Ao me aproximar do carro, uma grande explosão aconteceu." Dylan

Chegamos até a localização indicada. Eu conhecia aquele lugar. O Dylan costumava me levar até lá, para me contar histórias de terror e me arrancar uns beijinhos.
Nessa hora, tive a certeza de que ele estava envolvido nisso. Ele seria capaz de qualquer coisa para nos separar. Será que nunca teríamos paz?

Uma chama enorme clareou a noite. Uma grande explosão fora ouvida e meu coração disparou.

- VENHAM! - O policial gritou e todos corremos até lá.

- Meu Deus! - Passei as mãos no cabelo. - É o Logan!

Corri em direção ao carro mas fui parada por braços fortes que me apertaram contra o seu peito.

- Estou aqui com você. - Ele sussurrou no meu ouvido.

Carro. Acidente. Meu mundo desabou naquele exato momento.

Todos bebiam animadamente naquela noite. Subi para o meu quarto a procura do Dylan que havia sumido da festa. A porta estava entreaberta. Dois corpos sobre a minha cama.

- Eu não acredito nisso... - Sorri sem graça enquanto sentia algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Ele estava lá, passeando com seus beijos pelo corpo de uma garota qualquer enquanto ainda era meu. O cara que jurou me amar para sempre estava alí, desejando outros corpos.

Desci as escadas correndo enquanto ouvia a sua voz me chamando. Não existiam explicações ou desculpas para uma traição.

Traição Tem Perdão?
NÃO!
Apenas erros podem ser perdoados e traição não é um erro e sim uma escolha.

Edder Loopes

Passei pela sala correndo. Meu amigos gritavam e dançavam, talvez ninguém tenha me percebido alí. 

Meus olhos estavam embaçados por causa das lágrimas que eu não conseguia conter. Estava desesperada por descobrir que todos os meus planos, que todas as nossas lembranças, experiências e momentos juntos não passaram de mentiras. 

Uma buzina ensurdecedora, uma luz forte e meu corpo indo de encontro ao vidro do carro. Apaguei. 


Então era isso. O empurrei para longe de mim com todas as forças que encontrei dentro do meu ser. Lancei-lhe um olhar de desprezo e balancei a cabeça negativamente. 

- Como você pode me enganar dessa forma, Dylan? Você sabia que eu não lembrava de nada e se aproveitou disso para tentar me reconquistar. Você só esqueceu de que um dia a minha memória voltaria. 

- Você será minha, custe o que custar. - Ele apertava o meu braço com força. 

- Parado aí, rapaz! - Um dos policiais se aproximou de nós com sua arma apontada para Logan.

- O que você fez com o Logan? - Indaguei. 

- Seu amado morreu, Amy. Agora você só tem a mim. - Ele sorriu maldoso. 

Dylan fora algemado e jogado dentro de uma viatura. 

Sentei alí no chão e abracei as minhas pernas enquanto observava o carro queimar. Eu nunca mais o veria, nunca mais o tocaria. Eu destruí a sua vida no momento em que eu entrei nela. O Dylan nunca teria feito nada se eu o tivesse escolhido. Eu não consegui protegê-lo. 

- Amy... - Uma voz fraca pronunciou. Lá estava ele, arrastando-se pelo chão. Estava tão ferido e fraco. 

- LOGAN! - Corri até ele. - Meu Deus... - Levei as mãos à boca. - Como você conseguiu escapar? 

- Pulei do carro quando estava capotando. - Ele sorriu fraco. - Eu estou perdendo muito sangue, meu amor. - Ele apontou para o ombro. - Você precisa amarrar alguma coisa aqui para estancar o sangue. 

Rasguei a sua camisa em um piscar de olhos. Dei algumas voltas desajeitada pelo ferimento enquanto ele gritava de dor. 

- Você precisa pressionar até a ambulância chegar. - Ele explicou. - Eu te amo. 

- Eu te amo mais. - Beijei seus lábios ainda apertando seu ferimento. 

Não demorou muito até que a ambulância o levasse já desacordado. Eu não estava mais aguentando essa vida maluca de acontecimentos inacreditáveis. Quem em uma única vida passou um ano em coma, se relacionou com o seu médico, sofrera por uma traição falsa, separou-se por um filho que não era seu, teve o seu namorado sequestrado e quase morto? 

***

Acordei sentindo dores fortes em todo o meu corpo. Meus olhos tentavam se acostumar com a claridade dentro do quarto. Estava tão acostumado a estar dentro de um hospital, mas nunca naquele estado. 

- Bom dia! - Amy caminhou até mim e depositou um beijo na minha bochecha. - Você me deu um grande susto. - Ela sorriu. 

- Por quanto tempo eu dormi? 

- Você passou por uma cirurgia durante o dia, depois que chegou aqui, e dormiu a tarde e a noite inteira. - Ela deu de ombros. 

- O que aconteceu com o Dylan? - Perguntei receoso. 

- Preso. - Ela torceu os lábios. - Me desculpe, Log... O Dylan na sua vida é culpa minha. 

- Ei passaria por todos os risco para te ter. - Pisquei. - Agora venha cá e me beije. Não posso te puxar. - Apontei para o braço. 

Ela sorriu e me beijou delicadamente. Depois de tantas emoções, eu só esperava a calmaria dos seus abraços e beijos. 

Continua no próximo livro... 


Meu lindos e lindas, o nosso primeiro livro vai chegando ao fim. Postarei o epílogo e logo partiremos para o livro dois. 

Por favor, não saiam daqui sem deixar a opinião de vocês sobre essa história. Se gostaram, não esqueçam de votar no capítulo. Me ajudem ❤️

Amei reescrever essa história. Reescrever porque a escrevi em 2016, e agora melhorei um pouco e postei nessa plataforma que é o Wattpad. Espero que tenham gostado. ❤️

Quem aqui irá acompanhar o livro 2? 👉 O que você fez comigo 👈


Capítulo 15 (parte 1) - O sequestro

"Minha. Com todas as letras, de todas as formas, em todas as línguas, ela foi e sempre será minha. Não sei se é amor ou obsessão o que eu sinto, mas a teria para mim.
Amy Allen Watson foi a garota que planejou uma vida ao meu lado: uma casa, um casamento, filhos. Planejou ir para a mesma faculdade que eu, viajar comigo, viver um romance de cinema ao meu lado.
Aquele acidente a levou para longe de mim, tirou dos trilhos o que estava certo, acabou com o nosso amor. Eu não aceitaria isso e seguiria com a minha vida, ela nasceu para mim e morreria ao meu lado.

2 horas da madrugada, corredores sem movimentação, capuz e clorofórmio. Logan caminhava lentamente pelos corredores do bloco administrativo olhando alguns prontuários. Naquele horário, aquele bloco era quase inabitado, o que facilitou a minha entrada. Depois de conferir que o monitor das câmeras estava cansado o suficiente para não notar a movimentação, assegurei-me de que poderia seguir em frente.
Passou pela porta que eu estava sem perceber minha presença. Andei atrás dele, pressionei um pano com clorofórmio contra o seu rosto por tempo o suficiente para que ele desabasse na minha frente.
O puxei pelo jaleco até uma porta que dava acesso à parte de trás do hospital. Amarrei suas mãos e pés e com sacrifício o pus dentro do meu carro.

Ele tirou de mim a minha garota, eu tiraria dele a sua vida. Aquele era só o começo da vingança que planejei para ele. Eu o mataria com as minhas próprias mãos." Dylan

***

Acordei completamente suada, o que era estranho, a noite estava tão fria. Não tive um pesadelo, mas estava sentindo meu coração tão apertado dentro do meu peito. Desci para a cozinha, tomei um copo de água e voltei para o meu quarto. Tomei um banho rápido, vesti minha roupa de dormir e me joguei na cama. Não consegui voltar a dormir, estava tão inquieta.
Notei uma mensagem de um número desconhecido em meu celular. Não pude conter o desespero ao avistar a foto recebida.

- MAMÃE! - Balancei o seu corpo.

- Amy? O que houve, querida? - Ela sentou na cama e me encarou. Estava com o rosto amassado e os cabelos bagunçados, se eu não estivesse desesperada, riria dela.

- Aconteceu alguma coisa com o Log. - Apontei para a foto no meu celular. - Precisamos ir para uma delegacia, mamãe. - Sentei ao seu lado. - Estou com medo.

A foto mostrava um Logan jogado no chão de uma casa qualquer, com mãos e pés amarrados.

Mamãe me abraçou com força. Seu abraço sempre era capaz de me confortar de alguma forma.

Eu não sabia o que fazer ou quem procurar. Não fazia idéia do que aconteceu com o Logan, ou quem fez aquilo, estava tão assustada.

- Vocês precisam procurar por ele. - Choraminguei.

- Srta. Watson, nosso pessoal já foi acionado, mas não temos um local específico para procurar, a não ser no ambiente de trabalho dele. - O delegado deu de ombros. - Sinto muito. - Torceu os lábios.

Meu celular começou a tocar freneticamente. Número desconhecido.

- Alô? - Falei com a voz embargada.

O delegado gesticulou para que eu colocasse no modo alto-falante.

- Amy? Meu amor? - Sua voz estava fraca.

- LOGAN! - Gritei. - O que fizeram com você? O que aconteceu? Meu Deus, eu estou desesperada.

Algumas lágrimas já escorriam pelo meu rosto. Ele ainda estava vivo, mas por quanto tempo?

- Logan, fala comigo. - Pedi. - Quem fez isso com você?

- Foi o...

Fim da ligação.

- Me digam que vocês conseguiram. - Continuei chorando.

- Conseguimos! - Eles sorriram comemorando.

Aquela ligação fora a nossa única chance de conseguir rastrear o local em que o Logan estava.

- Eu irei com vocês. - Falei decidida.

- Não! - Mamãe me encarou brava. - Isso é perigoso, Amy. Eles foram preparados para isso, você não sabe se defender.

- É do Logan que estamos falando, mãe. Eu vou.

- Nós não deixaremos você ir, mocinha. - Um policial se pronunciou já caminhando para a viatura.

- Será que vocês não entendem que eu estou envolvida nisso? Essa pessoa mandou a foto e me ligou, está tentando me atingir. - Expliquei. - Prometo que não me jogarei na frente de uma bala, mas talvez vocês precisem de mim.

***

"Era uma casa velha e abandonada no meio de uma floresta. Amy e eu costumávamos brincar lá quando éramos mais novos.
Joguei seu corpo no chão, sentei-me em uma cadeira e o esperei acordar, o que não demorou muito. O observei se contorcer no chão tentando se solta. Sorri. O ouvi se lamentar e me xingar de todos os palavrões possíveis. Dei de ombros.

Retirei um canivete do bolso e comecei a fazer pequenos cortes em seu corpo. Gostaria de vê-lo morrer aos poucos. Sua vida estava em minhas mãos, e quão boa era a sensação de decidir entre matar ou deixar permanecer vivo. O mataria.

Disquei o número da Amy, esperei que ela atendesse e pus o celular em seu ouvido. As torturas começariam, ouvir a sua voz e saber que nunca mais a tocaria, nem sairia vivo para contar essa história. Desliguei quando o desgraçado iria me entregar. A Amy não poderia saber que eu estava por trás da morte do seu amado.

- Cala essa boca! - Chutei suas costelas e o vi se encolher.

- Você irá me matar, Dylan... - Ele sorriu sem graça. - Mas isso nunca trará a Amy. Você nunca a terá. Nós somos épicos. - Piscou." Dylan

Dylan saiu da casa pisando forte, acho que consegui irritá-lo.

Ainda ensanguentado e jogado no chão, avistei o canivete - que ele usou para me ferir - sobre a cadeira. Sequestrador despreparado, ri sozinho. Arrastei-me até a cadeira, com dificuldade alcancei o canivete e comecei a cortar as amarras, me cortando junto.
Ouvi sua voz ao telefone com alguém, ele estava na frente da casa. Com cuidado, entrei em seu carro e dei partida. Fui surpreendido com tiros vindo de todos os lados. O desgraçado corria atrás do carro com uma pistola em cada mão. Estava no meio de uma floresta cheia de árvores e pedras, não dava para acelerar muito.
Os vidros do carro já estavam completamente quebrados. De repente, ouvi um barulho ensurdecedor, uma dor insuportável no braço e o sangue começando a escorrer. Um pouco atordoado pela dor, olhei para frente e sem conseguir desviar, capotei com o carro em uma barreira.

Capítulo 14 - O retorno

Meu coração se partiu em trilhões de pedacinhos ao abandonar o Elliott e toda a vida que eu já tinha construído. Eu tinha o Phill como amigo, tinha a companhia do meu pai e da Trixie, e tinha o Elliott, uma pessoa incrível, mas que merecia alguém melhor que eu.

Consegui um voo para a madrugada seguinte. Preferi não falar com a mamãe sobre a minha volta, talvez eu desistisse. A decisão que tomei era insana. Eu fugi para não precisar lidar com a presença do Logan tão perto a mim, mas eu estava voltando e todo aquele turbilhão de emoções voltariam correndo para mim.

Enquanto arrumava as minhas malas, o Elliott estava jogado na minha cama. Não se pronunciou depois das minhas últimas palavras: "Eu não te quero!". Certamente o magoei, todavia, Elliott parecia me amar tanto que era incapaz de me deixar só depois de uma briga. Meu desejo era amá-lo para ser merecedora de alguém como ele.
34 anos de pura maturidade. Desde cedo deixou a família para estudar e seguir os seus sonhos. Elliott aprendeu a ser um homem na melhor escola, a vida. A vida nos prega algumas peças, pensamos que aquilo é o fim do mundo, na verdade é só mais uma lição. Talvez aquela fosse uma das lições que eu deveria aprender.

Ainda comigo, ele me levou até a casa do meu pai, de quem me despedi com grande pesar. Aqueles meses ao seu lado me fez ver o homem maravilhoso que ele era e o quanto eu perdi por não tê-lo comigo durante todos esses anos. Também me despedi da Trixie, que se tornou uma grande amiga para mim, e daquele ser maravilhosamente engraçado, o Phill. Eu sentiria falta das nossas boas gargalhadas.

- Então... Eu preciso ir. - Falei acanhada. - Eu posso te abraçar?

Elliott acariciou o meu rosto e uniu seus lábios aos meus em um beijo terno. Abraçou-me contra o seu peito e naquele abraço eu fiquei por alguns minutos até anunciarem mais uma vez o meu voo.

- Adeus, Amy!

- Adeus, Elli!

Senti uma lágrima solitária escorrer pelo meu rostos. Elliott não merecia nada daquilo.

***

- AMY? - Mamãe deixou uma panela cair no chão ao me ver. - Eu não quis te falar nada para não te fazer abandonar tudo, mas pelo visto você descobriu.

- Descobri o quê? - Arqueei as sobrancelhas confusa.

- O enterro, meu amor. - Ela me abraçou. - Senti sua falta.

Enterro?

- Também senti sua falta, mamãe. - Sorri para ela. - Só que eu não sei sobre enterro nenhum. Quem morreu?

Senti medo ao perguntar aquilo.

- Amy, o que você veio fazer aqui? Por que você voltou? - Ela me encarou.

- A falta que eu sinto do Logan se tornou insuportável. Não consegui suportar mais. Eu sei que foi uma decisão louca mas... - Ela me interrompeu com um avanço.

- Entra no carro agora. - Ela desligou o fogão e me puxou para fora de casa.

- Mãe, para onde vamos?

Eu não pude deixar de chorar ao saber que o Logan perdeu o seu filho. Era só um ser pequenino que logo viria ao mundo para iluminar a vida do seu pai que lhe esperava. Aquilo era muito trágico.
Mamãe dirigiu até o cemitério para que eu pudesse vê-lo. Precisava consolar o Logan. Ele precisaria de um abraço, de alguém para lhe confortar.

- Amy? - Nossos olhos se encontraram.

- Eu queria poder te confortar nesse momento.

Nossos corpos se uniram em um abraço apertado. Que saudades!

***

O Logan estava abalado. Não conversamos durante o caminho, ele mantinha as mãos no rosto. Durante esse tempo na Califórnia, aprendi a dirigir e tirei minha carteira, então guiei o seu carro até o St. James's park. Caminhamos até perto do lago e lá sentamos. O Logan entrelaçou suas mãos às minhas e contou-me sobre a armação do Dylan e da Maisie.

- Eu sinto muito, Log. - Apertei a sua mão. - Eu nunca imaginaria eles dois juntos...

- Quem imaginaria? - Ele sorriu sem graça e fitou meus olhos.

- Me desculpe por tê-lo abandonado.

- Não foi fácil para você, Amy. - Ele acariciou o meu rosto. - Também não foi para mim, mas eu não podia fugir da minha realidade.

- Eu me sinto culpada. Se eu tivesse enfrentado tudo com você, talvez ela tivesse desistido dessa armação e você não precisaria passar por toda essa dor.

- Ela não desistiria, meu amor. - Ele respirou profundamente. - Eu passaria por isso da mesma forma, você só sofreria mais ainda.

- Logan, eu não quero ficar longe de você nunca mais. - O abracei. - Eu voltei pisando no vazio. Não sabia sobre essa história, acontece que a sua ausência de tornou maior do que tudo, eu precisei voltar. Voltei sem a certeza de que você estaria livre, sem a certeza de que você me quer.

- Eu sempre irei querer você. - Ele sorriu. - Sempre.

Me senti feliz por estar ali para ele. Logan fora um pai para aquela criança e sua perda era imensurável. Ele estava realmente abatido.

- Você me trata como se eu fosse o seu filho. - Ele sorriu se aconchegando na cama.

- Preciso cuidar de você. - Acariciei o seus cabelos. - Já tomou banho, se alimentou, agora durma que amanhã você tem plantão.

- Quanto cuidado, meu Deus. - Ele beijou meus lábios. - Preciso de você aqui comigo. Acordar com o seu corpo colado ao meu.

Amores, estamos chegando nos últimos capítulos desse primeiro livro e algumas emoções ainda virão. Não deixem de comentar e favoritar os capítulos. Ansiosos para o fim? 😉

Capítulo 13 - Mentiras

- VOCÊ PRECISA ME DEIXAR ENTRAR, CAROL! - Gritei desesperado. - É o meu filho. - Choraminguei.

- Logan... - Ela tocou o meu ombro. - Eu sinto muito.

- Não... - Fitei seus olhos. - Isso é sério? Como assim, Carol?

Eu não sei qual era a expressão do meu rosto, mas meu coração estava em prantos. Meu filho fora concebido de forma errada, mas eu o amei. Não houve um único dia em que eu não conversasse com ele na barriga de Maisie. Ele chutava ao ouvir a minha voz, parecíamos tão conectados. Quando soube que seria um menino, fiquei tão entusiasmado. Decoramos o seu quarto com tanto amor. Maisie me deixou escolher tudo. Caprichei em tudo para a sua chegada.

- O impacto foi tão grande... - Ela falou triste. Carol era uma das obstetras que trabalhava no hospital comigo. Eu odiava perder os meus pacientes, ela também. - A Maisie perdeu muito sangue. Nenhum dos dois sobreviveu. Eu sinto muito por isso, meu amigo.

Carol me abraçou com força e eu desabei em seus braços. Minha vida já estava triste o bastante com a ida da Amy, mas aquilo... Era uma dor maior que todo o meu ser. Eu nem era um pai propriamente dito. Eu não tinha tocado no meu filho, não tinha trocado suas fraldas, sequer visto o seu rostinho... Mas eu já me sentia tão pai dele.

- Vocês o tiraram de dentro dela? - Perguntei tristemente.

- Sim.

- Deixe-me vê-los.

Caminhei até a sala de cirurgia. Por trás dos vidros, avistei alguns médicos  que ainda permaneciam por lá. Eu não deveria estar alí, mas Carol entendia a minha dor.
Vesti as roupas apropriadas e entrei na sala. Os outros médicos, enfermeiros e instrumentadores se afastaram para os extremos da sala e me deixaram com eles.

Maisie estava pálida e fria. Morta. Eu não imaginava aquele fim para ela. Maisie não fora a melhor pessoa em minha vida, mas ela morreu carregando dentro de si o meu filho. Seria eternamente grato por isso. Nós últimos meses o nosso relacionamento não fora dos piores. Levávamos uma vida amigável, apesar de suas inúmeras tentativas de me reconquistar.

Meu filho estava lá, ensanguentado ao lado da mãe. Peguei-o nos braços e encostei seu corpinho pequeno junto ao meu peito. Chorei como uma criança. Ele sequer teve a oportunidade de respirar o mesmo ar que eu. Ah, eu me senti perdido. Eu não tinha mais ninguém. Fiz tantos planos para nós, tudo acabou em tragédia. O que a vida estava fazendo comigo? Por que isso? Por que dessa forma?

- Logan, sinto muito por atrapalhar esse momento, mas você conhece o protocolo... - O interrompi.

- Eu sei que vocês já fizeram muito me proporcionando esse momento. Eu já irei.

Coloquei aquele pequeno menininho ao lado de sua mãe e deixei a sala.

Os corpos só seriam liberados no dia seguinte, então fui para casa. Eu precisava encarar aquele lugar, mas as lembranças da Maisie caída e da quantidade de sangue em sua volta... Eu iria pirar.

Tudo aconteceu muito rápido. Eu estava preparando o nosso café da manhã quando ouço um barulho estrondoso vindo da sala. Corri até lá e encontrei a Maisie caída aos pés da escada. Ela deveria ter tropeçado em algum dos degraus e rolado até o fim da escada. Ao seu redor, uma enorme poça de sangue que só aumentava a cada segundo. Ela estava caída por cima da barriga. Virei-a com pressa. Maisie chorava e gritava alto. Aquilo só me deixava mais desesperado. Tomei-a em meus braços, a coloquei no banco de trás do carro e segui às pressas para o hospital. Eu nunca dirigi com tanto desespero como naquele momento.
Olhei para trás e ela já não conseguia mais falar.

- Maisie, aguente firme. - Apertei a sua não.

- Me perdoe... - Ela falou baixinho.

Aquelas foram as últimas palavras de Maisie.

Meses antes eu coloquei sua cama na sala, para que ela não precisasse subir e descer aquelas escadas. Ela não me obedecia. Maisie, Maisie...

Ao adentrar a minha casa, me deparei com o seu sangue impreguinado no piso cor de madeira. Imaginei que sempre ao olhar para aquela escada, lembraria do dia em que perdi o meu pequeno filho e a garota que um dia fora a minha melhor amiga, alguém que esteve comigo por tantos anos.

Limpei todo aquele sangue, tomei um banho demorado e me joguei na cama. Encarei o teto branco e só desejei a Amy para me consolar. Eu estava precisando dos seus abraços, mas eu não pediria que ela voltasse, talvez ela já tenha seguido com a sua vida.

O Fredie parecia sentir o que eu estava sentindo. Ele pulou na cama e se aconchegou ao meu lado. Me olhou com aqueles grandes olhos brilhantes e lambeu o meu rosto em uma demonstração de afeto. Ele se tornou o meu melhor amigo.

- Agora somos só eu e você, meu amigo peludo. - Acariciei os seus pelos clarinhos.

Ao entrar no quarto do Henry, esse fora o nome escolhido por nós, não pude deixar de chorar. Lembrei-me do dia que estive aqui pintando as paredes em um tom de verde clarinho. Enchemos as paredes de desenhos de animais, deixamos tudo tão perfeito. Roupas, sapatos, fraldas, brinquedos... Seu bercinho. Deixamos tudo pronto apenas esperando a sua chegada. Ele nunca chegaria.

***

Uma cerimônia dolorosa. Eu olhava para os dois caixões decepcionado com a vida. Era tão doloroso aceitar que o meu filho que nem havia nascido, já estava em seu sepultamento, junto à uma mãe que ele não pode conhecer.
A cerimônia demorava, e quanto mais eu olhava para o pequeno caixão, mais dor eu sentia dentro de mim. Olhei em volta e bati meus olhos no Dylan. Meus punhos se cerraram.

- O que você faz aqui? - Indaguei irritado.

- Logan, precisamos conversar. - A minha mãe falou baixinho nos interrompendo.

- Vá embora, Dylan. Esse é um momento doloroso para a nossa família.

- E quem disse que para mim também não é? - Ele suspirou.

- Como? - Franzi o cenho.

- Filho, você precisa...

- É o meu filho alí, Logan. - Dylan apontou para o caixão e saiu.

- Como é que é?

- Olhe para mim. - Mamãe segurou o meu rostos. - A Maisie estava grávida do Dylan. O filho não era seu.

Parei por alguns segundos tentando digerir todas as informações.

- Vocês estão malucos. - Gargalhei nervoso. - É claro que o filho era meu. A Maisie não mentiria para mim sobre algo tão sério.

- Ela mentiu. - Mamãe assegurou. - Sei que é doloroso, mas é a verdade. Vocês nunca mais transaram depois que se separaram. Quando a Maisie te dopou, ela só tirou as fotos, nada aconteceu.

- Não brinca comigo, mãe... - Falei nervoso.

- Ela e o Dylan se envolveram. Quando descobriram que ela estava grávida, resolveram usar isso para separar você da Amy.

- Por que você só me contou isso agora? Mãe, eu sofri como um condenado quando a Amy foi embora. Eu sequer consegui me reerguer e isso acontece. - Apontei para a cerimônia que continuava acontecendo. - Eu estive longe da mulher que eu amo, cuidei e sofri por um filho que nunca foi meu... - Meus olhos estavam marejados.

- Sinto muito, meu filho. - Ela chorava. - Você sabe o quanto eu mudei quando descobri sobre o meu câncer, mas eu decidi não falar nada. Você estava tão animado com a ideia de ser pai que eu pensei que tudo ficaria bem.

- Mentiras nunca acabam bem, mãe.

Caminhei até o caixão do pequeno Henry e coloquei uma rosa vermelha sobre o seu caixão.

- Você não foi o culpado de nada disso.

Afastei-me até a entrada do cemitério. Olhei para trás e suspirei. Quantas mentiras.

- Amy? - Meus olhos se encontraram com os dela.

- Eu queria poder te confortar nesse momento.

Seu corpo se uniu ao meu em um abraço apertado e cheio de saudades.

Esse capítulo merece votos e comentários, não é mesmo? 😭❤️

Capítulo 12 - Goobye

Os meses passaram dolorosamente arrastando-se. Não houve um dia em que eu não sentisse uma enorme vontade de voltar para os braços do Dr. Price e ficar alí para sempre. Alí, envolta em seus braços, aconchegada no seu peito, enquanto receberia o seu toque em meus cabelos e inalaria o seu perfume forte. Ele beijaria os meus lábios com desejo, pressionaria seu corpo contra o meu, me fazendo sentir cada músculo do seu corpo. Eu bagunçaria seus cabelos e riríamos juntos durante nosso beijo. Sempre fomos assim, oscilantes entre o mais quente desejo, e o mais puro amor. Oscilantes entre a profundidade e a delicadeza.

Senti lábios quentes beijarem o meu pescoço. Continuei ali na varanda do meu apê visualizando o sol se pondo. Elliott envolveu-me com seus braços e passou a olhar para o mesmo ponto que eu.
Não estávamos juntos, por mais que esse fosse o seu maior desejo. Elliott fora um professor incrível e uma companhia sem igual, mas eu não o amava. Ele sabia. Decidimos então que não manteríamos um relacionamento sério. Ou melhor, eu decidi isso. Elliott discordou de todas as formas possíveis, mas acabou cedendo.

Seis meses se passaram e eu imaginava se um dia amaria um outro alguém, se um dia seguiria com a minha vida e me permitiria ser feliz novamente. Elliott e eu desfrutávamos de um companheirismo sem igual, mas ele não era o Logan... Eu não desejava mais ninguém.

Como ele estaria? Será que estava feliz com o seu bebê que logo nasceria? Será que voltara com Maisie ou estava com outro alguém? Será que ele estava bem? Será que estava precisando do meu abraço para lhe confortar por algum motivo?

Continuei falando com a mamãe todos os dias. Nossa separação não fora fácil, estivemos juntas a vida toda, mas depois de tantos meses, ela parecia mais conformada.
Megan estava por lá sempre que podia, para que ela não se sentisse tão só enquanto o David estava no trabalho. Por falar nela, minha irmã estava grávida. Ainda era muito cedo para saber o sexo do bebê. Eu estava animada com a ideia de ser tia. A mamãe também estava contente, um netinho ou netinha traria alegria para aquela casa.

Papai e Trixie estavam noivos. O relacionamento dos dois não era uma coisa nova, já estavam juntos há 3 anos. Ela me parecia ser perfeita para ele.
O relacionamento entre eu e o meu pai estava melhor do que eu imaginei que pudesse ser. Não nos víamos todos os dias por conta do seu trabalho e da minha faculdade, mas quando tínhamos tempo, conversávamos por horas e nos divertíamos muito.
Phill e eu estávamos bem mais próximos. Ele sempre estava disponível para me ouvir e até para secar minhas lágrimas, o que ocorria com frequência. Eu tentava entender qual a função do Phill na empresa do meu pai, mas ele parecia ser pago para ser meu amigo. Mesmo diante disso, não notei falsidade alguma de sua parte. Phill era espontâneo em todos os aspectos. Um amigo incrível.

Durante esse tempo consegui resgatar algumas memórias do meu passado, algumas coisas estavam se encaixando. Ainda existia uma enorme angústia em meu peito por não conseguir lembrar do meu acidente. Todos estavam conformados que eu atravessei a rua sem olhar e toda aquela fatalidade aconteceu, mas eu não estava satisfeita com aquilo. Eu sabia que Dylan estava envolvido nessa história, mas nenhuma memória voltava. Nada acontecia. Minha vida era um quebra-cabeças e aquela última peça fora perdida.

***

Era uma quinta-feira de manhã. O sol brilhava forte e ventava um pouco. Eu, Elliott e Phill combinamos de passar um tempo na piscina do prédio para uma conversa qualquer. Vesti meu maiô, passei protetor solar em meu corpo, pus os óculos de sol no rosto, peguei uma toalha e segui para a área de lazer do prédio.
Elliott me recebeu com um selinho e Phill com um beijo na bochecha. Sentei-me na espreguiçadeira entre os dois e começamos a conversar.
Elliott e eu estávamos livres da universidade, o período havia acabado. Era o nosso momento para respirar. Ele manteve seus olhos longe de mim durante as aulas, mas era só sair delas que ele parecia me devorar com seus olhos famintos. Qualquer aluno mais atento repararia no nosso envolvimento. Perigosa atração!

- Esse sol me deixa mole. - Bocejei. - Vou subir.

Retornei para o meu apartamento. Ao passar pela escrivaninha ao lado da minha cama, esbarrei nela e derrubei um caixinha. Muitas fotos foram espalhadas pelo quarto, junto com elas, cada pedacinho do meu coração. Dentro daquela caixa estava a última carta que recebi do Logan, a coleira do Fredie e inúmeras fotos nossas que eu guardava de recordação. Há alguns meses eu não mexia alí. Sabia que todas aquelas lembranças me destruiria ainda mais. Sentei no chão e comecei a observar aquelas fotos. Fotos que ele havia tirado comigo ainda em coma. Fotos nossas em minha casa e na sua. Fotos com o Fredie. Fotos fazendo careta. Fotos espontâneas...
Senti uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha. Meu estômago ardia em desespero. Cada parte do meu ser pedia, implorava por ele. Até quando eu sofreria dessa forma? Mesmo ao lado do Elliott, Logan não saía dos meus pensamentos. Eu me sentia horrível por fazer aquilo com uma pessoa tão boa para mim. Elliott merecia alguém que se doasse totalmente para ele. Alguém que correspondesse seus sentimentos. Ele merecia alguém melhor que eu.

- Amy? - Ele adentrou o apartamento.

Eu não conseguia conter a minha dor e as lágrimas que rolavam em meu rosto. Eu estava sofrendo demais.

- Meu amor, o que houve? - Elliott envolveu-me com seus braços. - Eu estou aqui.

- Elliott, eu preciso que você me deixe. - Funguei.

- Claro que não. Estarei sempre ao seu lado. - Ele acariciou meu rosto e levantou meu queixo com delicadeza para que eu olhasse em seus olhos.

- Eu nunca serei o suficiente para você.

- Amy, eu sei dos seus sentimentos por esse cara. - Ele apontou para as fotos. - Mesmo assim eu decidi que te amaria sem pudor algum. Eu amo amar você.

- E será assim para sempre? Nós não temos um futuro, Elli. Eu sempre amarei o Logan e você sofrerá com isso. Nunca seremos felizes de verdade.

- Não fale assim... - Ele falou baixinho.

- Eu voltarei para Londres. - Respirei profundamente.

- O QUÊ? - Ele gritou assustado. - Então eu vou com você.

O quê? Não!

- Você tem um emprego aqui, esqueceu? Sua vida é aqui.

- Eu quero uma vida seu lado, Srta. Watson. Quero que um dia você seja a minha Sra. Craig. - Ele sorriu.

- Elliott, você só irá se magoar mais.

- EU. VOU. COM. VOCÊ. - Ele falou pausadamente em alto e bom som.

- Eu não te quero!

Eu precisava agir de maneira ríspida. Elliott não poderia se doar para mim sem a certeza de que eu valorizaria seus sacrifícios por mim. Ele estava determinado a largar sua vida toda para não desistir de nós, mas eu nem queria que aquele "nós" existisse.

Capítulo 11 (parte 2) - Querido Professor

Elliott disse que conhecia um restaurante legal e que não era tão longe, então fomos andando. Não pronunciei palavra alguma durante o percurso. Ele por sua vez, apenas me olhava.


Procuramos uma mesa mais reservada, já que o restaurante estava repleto de alunos e de professores. Fizemos nossos pedidos e só então nos encaramos diretamente.


- Por que você me olha tanto? - Entrelacei minhas mãos e apoie meu queixo.


- Isso te incomoda? - Ele abriu um sorriso.


- Claro que sim. Você tirou minha concentração durante a aula. - Revirei os olhos.


- Você é muito bonita.


Gelei.


- Obrigada. - Corei. - Também notei a beleza de outras aulas da turma, isso não é desculpa. - O desafiei.


- Não estou arrumando uma desculpa, Srta. Watson. Acho você uma mulher muita bonita e por isso não consigo tirar meus olhos de você.


- Vale ressaltar que sou sua aluna, então você deveria controlar melhor os seus olhos. - Pisquei para ele.


- Eu só serei seu professor por um semestre, não teríamos problemas.


O quê? Era uma proposta, um pedido, uma insinuação ou coisa do tipo?


- O que você quis dizer com isso?


- Você não é daqui. - Ele deu de ombros e mudou de assunto. - Um lindo sotaque inglês. - Sorriu de lado. - Adoro inglesas.


Meu coração batia descompassadamente. Elliott não possuía freios naquela língua. Senti meu rosto corar por inteiro. O garçom chegou com os nossos pedidos, quebrando o clima que se instalou.


- Então, de que lugar exatamente você é?


- Inglaterra. - Dei de ombros mexendo na comida. - Londres.


- Adoro Londres. Foi uma pena nunca ter esbarrado em você por lá. - Ele piscou e começou a comer.


Ele tinha o poder de me deixar completamente envergonhada.


- Mesmo se isso tivesse acontecido, eu não lembraria de você. - Falei lembrando do acidente e da minha memória que se foi com ele.

- Eu sou uma pessoa marcante, difícil de ser esquecida.

- Você quer me conhecer, Elliott? - Ele assentiu. - Eu também gostaria disso.

- Como? - Ele me olhou confuso.

Não sei se era o momento certo para lhe contar sobre o meu acidente, mas eu me sentia sufocada, precisava desabafar sobre a frustração que minha vida se tornara. Contei-lhe tudo. Até mesmo sobre o Logan e o que me trouxe até aquele lugar.

- Uau. - Ele arqueou as sobrancelhas. - Poderia escrever um livro sobre você. - Ironizou.

- Agora que você já me conhece, eu vou embora. - Levantei-me da cadeira mas fui impedida por Elliott, que segurou o meu braço.

- Amy, eu não quero conhecer apenas a sua história, quero conhecer você por inteiro. - Ele acariciou o meu rosto.

- Você é louco, Elliott! - Soltei-me dos seus braços. - Em primeiro lugar, é antiético você querer se envolver com uma aluna. Em segundo lugar, eu amo o Logan, acabei de te falar isso.

Joguei na mesa o pagamento pelo meu almoço e sai apressada. Ouvi-o exclamar: "Eu não desistirei, Srta. Watson!".

Elliott não passava de um louco.

***

As aulas da tarde seguiram calmamente. Eu nem conseguia lembrar do quanto gostava daquele curso. Me sentia maravilhosa.

O Campus ficava perto do meu apartamento, então segui a pé para lá, uma ótima escolha do papai.

Ao chegar, tomei um banho frio e lavei meus cabelos. Vesti minha roupa de dormir e deixei minhas madeixas secarem naturalmente.
Estava jogada no sofá comendo um sanduíche quando a campainha tocou. Bufei. Caminhei até a porta e quando olhei através de olho mágico, dei de cara com o Elliott parado em minha porta. Escorei-me ali e fiquei estática.

- Amy, por favor... - Ele pediu baixinho como se soubesse que eu estava ali.

- O que você quer aqui, Elliott? - Finalmente abri a porta. - Espera... Como você sabe que eu moro aqui? Você não me seguiu, não é? - Comecei a ficar nervosa. - Como você conseguiu entrar aqui?

- Calma, Amy. - Ele tocou o meu ombro tentando me acalmar. - Me deixe entrar.

- E se você for um serial killer pronto para me matar?

- Eu não sou. - Ele revirou os olhos e entrou no apartamento.

Elliott deu uma olhada no lugar, sorriu e se jogou no sofá.

- Você é um folgado. - Fechei a porta e sentei de frente para ele. - Comece explicando como descobriu que eu moro aqui.

Sim, eu estava com medo. As coisas estavam acontecendo rápido demais, e ele parecia um louco obsessivo. Elliott nem me conhecia, e eu certamente fui uma idiota por ter almoçado com ele e lhe ter contado coisas sobre a minha vida.

- Digamos que alguém da universidade me devia um favor, e eu resolvi cobrar.

- Descobrindo o meu endereço... - Balancei a cabeça em negação incrédula. - Eu deveria processar a universidade.

- Você não é tão má assim, Amy. - Ele sorriu confiante.

- E como você entrou aqui? Não vai me dizer que o porteiro também te deve favores. - Revirei os olhos.

- Na verdade, deve sim. - Ele gargalhou. - Eu também moro aqui, Amy. No sexto andar. Somos vizinhos. - Ele piscou.

- Você está de brincadeira. - Sorri incrédula. - Já que você já se explicou, pode ir embora. - Apontei para a porta.

- Amy, eu sei que o motivo que te trouxe aqui é o seu ex e também sei que você não voltará para ele, então o que te impede de querer esquece-lo?

- As coisas não são simples assim. Eu não sou apaixonada pelo Logan, eu o amo.

- Você voltará para ele?

- Não.

- Então me deixe ficar com você. Você também poderá me amar. - Ele sentou ao meu lado do sofá e acariciou o meu rosto, fazendo com que cada pelo do meu corpo se arrepiasse e as batidas do meu coração acelerassem.

- Você não tem o juízo perfeito. - Revirei os olhos. - Você me conheceu hoje.

- Já foi o suficiente para saber que teria uma vida ao seu lado.

- COMO É QUE É? - Eu gritei e cai na gargalhada. Meu estômago já doía do tanto que eu ri e ele só me olhava incrédulo.

- Eu me declaro para você e você reage assim? Ah, Amy... - Ele falou magoado.

- Elliott, já pensou em investir na carreira de comedi...

Antes de terminar a frase, ele puxou-me para um beijo. Seus lábios quentes pressionados contra os meus de maneira a me deixar nervosa. Suas mãos apertavam a minha cintura e sua língua pedia passagem em nosso beijo. Relutei querendo sair de seus braços, mas Elliott envolveu-me em um abraço caloroso. Cedi passagem para a sua língua e entreguei-me aos seus beijos. Elliott deitou-me no sofá e desceu seus beijos pelo meu pescoço, mas logo voltou para a minha boca. Talvez ele soubesse que estávamos indo rápido demais.

Eu não sabia como agir depois do ocorrido. Elliott por sua vez, parecia bem a vontade. Não passamos dos beijos, mas e o Logan? Eu não conseguiria estar com alguém enquanto ele estava lá...
Talvez fosse tolice da minha parte. Provavelmente Logan estava saindo com outras mulheres e era um direito dele, não estávamos mais juntos.

Gostam do Elliott? Apoiam o casal? Deixem seus comentários.